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Fiocruz faz estudo inédito para monitorar eficácia da vacina em moradores da Maré, no Rio

Um dos objetivos é entender se vacinação em massa de população adulta protege crianças e adolescentes

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Iniciativa é uma colaboração entre a Redes da Maré, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e a Fiocruz - Wikimedia/Creative Commons

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai monitorar moradores da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, bairro em que habitam 140 mil pessoas, para avaliar o impacto da vacinação contra covid-19. A iniciativa é uma colaboração entre a Redes da Maré, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e a Fiocruz.

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Segundo a Fundação, as peculiaridades presentes em territórios de favelas e periferias fazem com que o estudo proponha um olhar que vai além do levantamento da efetividade direta das vacinas na proteção contra o vírus e suas variantes.

“Olhar o impacto da vacinação numa grande comunidade já seria algo inédito. Agora pensar que isso será realizado na Maré, que tem dimensão populacional superior a 96% dos municípios do país, é algo único, que nos permitirá um mapeamento com características singulares", explica o pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo, Fernando Bozza.

Crianças e transmissão

A pesquisa vai avaliar os aspectos da doença em si, como a dinâmica de transmissão do vírus no território, a vigilância de suas variantes e o acompanhamento de possíveis efeitos adversos das vacinas serão outros pontos abordados pelo estudo, para além da efetividade da vacina, que é o foco principal.

A partir de ações que vem sendo realizadas desde junho do ano passado, já foram realizados mais de 27 mil testes diagnósticos (entre sorologia e PCR), 10,5 mil consultas de telessaúde, acompanhamento e apoio para o isolamento domiciliar de mais de mil famílias com pessoas que testaram positivo para covid, além de múltiplas ações de comunicação territorial. 

Metodologia

O estudo vai identificar casos sintomáticos que serão submetidos ao teste de RT-PCR. O resultado da testagem será cruzado com o monitoramento da situação vacinal e o desfecho do quadro, com sua classificação final de gravidade. Desta forma, será possível calcular a proteção que a vacina está conferindo à população.

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Já a segunda linha é caracterizada acompanhará duas mil famílias residentes na Maré por seis meses. A análise incluirá também os membros que não são público-alvo da vacinação: “É nesta etapa que conseguiremos levantar os dados para responder a questão se ao vacinar os adultos, também protejo as crianças?”, complementa o coordenador do estudo. 

“Um dos objetivos do estudo é entender a dinâmica da transmissão e a proteção indireta que esse grupo pode adquirir uma vez que a família esteja imunizada. Queremos entender se a vacinação em massa da população adulta inibe a circulação do vírus de forma a proteger também as crianças e os adolescentes”, afirma Fernando Bozza.

Mobilização

A mobilização dos moradores para adesão à vacinação em massa e ao estudo conduzido pela Fiocruz está sendo liderada pela Redes da Maré, instituição com mais de 20 anos de atuação no território. A organização também articula associações de moradores, influenciadores, comunicadores populares e lideranças para informar e esclarecer a população local.

"Este é um momento importante, não só de reconhecimento da potência do território e do nosso trabalho, mas do estabelecimento de direitos, de forma republicana, para os moradores de favelas. A parceria com instituições de diferentes níveis é um caminho concreto para reverter os danos causados pela pandemia e para a implementação de políticas públicas que respondam aos desafios do território", salienta a diretora da Redes da Maré, Eliana Silva. 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda