O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou com a imprensa na manhã deste domingo (18), após receber alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde estava internado para tratar uma obstrução intestinal.
Sem usar máscara, ele defendeu um medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19 e tentou eximir deputados da base governista da responsabilidade pela ampliação do fundo eleitoral na Câmara.
:: Bolsonaro recebe alta médica após desobstrução intestinal ::
Bolsonaro aproveitou para atacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia e políticos da oposição que articulam o impeachment. Ele repetiu um bordão que já havia utilizado em maio deste ano: "Só Deus me tira daquela cadeira", referindo-se à presidência da república.
Nova cloroquina?
Na porta do hospital, Bolsonaro afirmou que vai pedir ao Ministério da Saúde um estudo sobre a eficácia da proxalutamida contra a covid-19.
O medicamento, indicado para tratamento de câncer de próstata e de mama, não é aprovado para uso contra o coronavírus em nenhum lugar do mundo. Sem citar fontes, ele disse que a droga "têm apresentado melhora" em "alguns países".
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Na última quarta-feira (14), mesmo dia da internação de Bolsonaro, o Ministério da Saúde reconheceu publicamente que cloroquina, ivermectina, azitromicina e outros medicamento do chamado "kit covid" não são eficazes contra o coronavírus.
A informação está em uma nota técnica enviada à CPI da pandemia na Câmara dos deputados.
"Fundão"
Bolsonaro acusou o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), de ter sido o responsável pela aprovação do "fundão" eleitoral. O parlamentar presidiu a sessão que aprovou a matéria.
A cifra, R$ 5,7 bilhões, gerou repercussão negativa para partidos da base governista, que referendaram o texto.
"Ele que fez isso tudo, porque se tivesse destacado, talvez o resultado tinha sido diferente. Então cobre em primeiro lugar do Marcelo Ramos", declarou o presidente, sem revelar se vai impor veto ao "fundão".
Ainda no domingo, Ramos rebateu em vídeo a acusação de Bolsonaro, destacando que a medida foi apresentada e articulada pela liderança do governo.
Além disso, ambos os filhos do presidente, Eduardo na Câmara e Flávio no Senado, votaram a favor da emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias, também de acordo com o vice-presidente da Câmara.
Saúde frágil
De acordo com o médico responsável pelo tratamento, Antonio Luiz Macedo, Bolsonaro poderá voltar, aos poucos e sem sequelas, à rotina habitual. As "motociatas" lideradas pelo presidente, no entanto, permanecerão suspensas, já que andar de moto está temporariamente vetado.
Sem compromissos para os próximos dias na agenda oficial, o mandatário "seguirá com acompanhamento ambulatorial pela equipe médica assistente", segundo informa nota divulgada pela equipe médica.
Edição: Arturo Hartmann