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‘Hoje Brasil tem uma política antiambiental’, diz especialista ao Programa Bem Viver

No Dia de Proteção às Florestas, Instituto Socioambiental pontua que políticas para o meio ambiente foram desmontadas

Ouça o áudio:

Pouco a pouco, o governo abre porteiras e permite o desmatamento desenfreado da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, focos prioritários para empreendimentos agrícolas - Welington Pedro de Oliveira / Fotos Públicas
O resultado é o aumento do desmatamento e dos conflitos no campo

“O meio ambiente no Brasil vive seu pior momento. Temos uma política antiambiental”. É assim que a assessora do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, define o momento atual das políticas de proteção do meio ambiente. Em entrevista à edição de hoje (16) do Programa Bem Viver ela discutiu o papel dos povos da floresta na preservação a natureza e a importância de um consumo mais consciente por parte da população.

Em 17 de julho é celebrado o Dia Nacional de Proteção às Florestas. A data é também uma homenagem ao Curupira, personagem do folclore brasileiro conhecido como o protetor das matas. Como 17 de julho é Dia do Curupira, a data passou a ser considerada também como o dia de proteção às florestas.

Desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, falar sobre preservação ambiental é cada vez mais urgente. Desde a campanha ele já prometia “abrir a porteira para boiada” e acabar com os regramentos ou as multas ambientais.

“O resultado disso é o aumento do desmatamento, dos conflitos no campo e a deterioração da gestão ambiental”, disse Adriana. “Não temos políticas ambientais em curso no Brasil. Todo arcabouço institucional de proteção de florestas foi desmobilizado e a agenda do Ministério do Meio Ambiente está focada no pagamento de serviços ambientais. Eles contribuiriam, mas na prática não estão funcionando”.

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Vale lembrar que a preservação do meio ambiente é uma luta diária de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades originárias que vivem em harmonia com os recursos naturais e impedem o avanço de desmatadores. Essas populações contam com apoio de organizações da sociedade civil alinhadas aos seus princípios, como o ISA.

“Todo desmonte das estruturas de fiscalização e controle, inclusive de sistema de cobrança de multas foi paralisado. Tivemos também o desmonte dos conselhos e dos espaços de participação popular e a militarização dos órgãos ambientais”, pontuou a especialista. “Além disso, governo está fomentando mudanças em legislações ambientais no Congresso Nacional.”

PL da Grilagem

No momento, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2.633/2020, popularmente conhecido como PL da Grilagem. Essa proposta começou como uma Medida Provisória (MP) enviada pelo governo, no final de 2019. Por pressão de movimentos populares e membros da oposição, a MP perdeu a validade antes de ser votada. Deputados governistas criaram, então, o PL, que repete o texto em benefício dos infratores.

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Especialistas defendem que, na prática, o projeto abre caminho para a regularização de áreas públicas invadidas por grileiros e criminosos ambientais e facilita a legalização de invasões onde há comunidades tradicionais. Segundo um estudo do ISA, desde 2018, a grilagem de terra aumentou 274% no Brasil.

O projeto de lei estava parado há alguns meses na Câmara dos Deputados, mas nesta semana ele voltou a circular. Movimentos populares tinham a preocupação que a votação ocorresse ontem (16). Ela, no entanto, foi adiada e pode para agosto, depois do recesso parlamentar, que começa a partir de domingo (18). Os deputados e senadores só voltam a trabalhar em agosto, dia 3..

Qual o papel dos Correios?

Única empresa pública presente em todos os municípios brasileiros, os Correios são também responsáveis fazer a interface da população com políticas sociais. A empresa não tem a função só de entregar as correspondências. Ela entrega provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), livros didáticos, atualiza CPFs e cadastros sociais, distribui medicamentos e faz provas de vidas.

Apesar da importância do trabalho e da sua função pública, os Correios estão na mira das privatizações do governo federal. A votação do projeto que entrega a empresa para a iniciativa privada na Câmara Federal ficou para o mês que vem, depois do recesso parlamentar.

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O Programa Bem Viver conversou com moradores do povoado Ludovico, no interior do Maranhão, onde vivem pelo menos 120 famílias que tem nos Correios o principal canal de acesso com o poder público.

Comida árabe

A cozinheira profissional Sayonara Salum ensina a preparar um prato típico da culinária do árabe: o falafel, um bolinho feito de grão-de-bico e especiarias.

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Além do grão-de-bico, são necessários ingredientes já presentes na maioria das cozinhas, como cebola, alho, salsinha e farinhas. O menos convencional é a hortelã, que dá um sabor especial ao prato. Além disso, é necessário um processador de alimentos.

O prato é ótimo como petisco, receio de sanduíche ou até como mistura das refeições, substituindo carnes.

Música de protesto

O grupo musical Mundo Livre S/A lançou uma nova faixa, chamada “Baile Infectado”. Como o nome já sugere, a composição é uma crítica à condução do governo federal no combate à pandemia.

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Segundo o vocalista do grupo, Fred Zero Quatro, a música já estava quase finalizada antes da pandemia, mas foi adaptada para incorporar os sentimentos de dor e angústia compartilhados pela população brasileira. Por isso, remotamente, o grupo se reuniu e refez a letra, adicionando um tom crítico.

Ouça o lançamento no Programa Bem Viver.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes