Julho das Pretas

Programa Bem Viver debate urgência de ampliar presença de mulheres negras na política

Elas são a maioria das beneficiárias e das executoras das políticas públicas e por isso ajudariam a resolver problemas

Ouça o áudio:

Ala da resistência: Mulheres Negras pelo Fora Bolsonaro. - MMNPB
Pouca representatividade política das mulheres negras não em é fruto da falta de mobilização

Garantir a presença de mulheres negras nos espaços de decisão política é importante não apenas pela representatividade democrática, mas pelo seu potencial de sugerir soluções para problemas históricos dos serviços públicos, já que elas são a maior parte dos beneficiários de políticas sociais. A avaliação é da cientista social Ana Carolina Lourenço, que é organizadora do livro recém-lançado “Radical Imaginação Política das Mulheres Negras Brasileiras”.

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“É fundamental que a diversidade ocupe a política, mas não apenas porque é importante que a democracia seja diversa, mas porque as mulheres negras são as principais beneficiárias e as principais executoras de políticas públicas. Elas vão levar para política institucional uma capacidade de resolver problemas que vai revolucionar a agenda política”, disse Ana Carolina em entrevista na edição de hoje (15) no Programa Bem Viver.

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:: Julho das pretas: mulheres negras pela libertação ::

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O lançamento da obra marca o Julho das Pretas, mês se homenageia a mulher negra latino americana e caribenha. O livro, organizado também pela ativista Anielle Franco, reúne textos de mulheres negras de diferentes épocas como Andreia Lopes, Áurea Carolina, Benedita da Silva, Marielle Franco e Leci Bandão.

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“O livro reforça a ideia que as mulheres negras sempre disputaram a política nacional. Essa falta de representatividade não é fruto da falta de mobilização e de disputa das mulheres negras, é fruto de uma série de outros problemas estruturais”, avaliou Ana Carolina.

A obra está disponível no formado ebook, para download gratuito, no site da Fundação Rosa Luxemburgo e da Editora Oralituras. Quem quiser receber o livro físico deve preencher um cadastro na plataforma Mulheres Negras Decidem.

Apagão

A crise hídrica que o Brasil passa hoje é a pior em 91 anos, segundo dados oficiais. Como 60% da matriz energética do país vêm de hidrelétricas, a queda na produção energética é uma consequência da falta de chuvas e do esvaziamento dos reservatórios.

No entanto, para o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), responsabilizar o clima pela crise é olhar apenas para a superfície do problema: desde o meio do ano passado já havia sinais claros de uma redução no regime de chuvas e o governo não determinou que as produtoras de energia tomassem medidas para prevenir um desabastecimento.

Ao invés de armazenar água nos reservatórios das hidrelétricas a orientação política foi abrir comportas de escoamento de água para, segundo o MAB, garantir que a tarifa de energia não baixasse de preço e mantivesse o lucro para as empresas.

:: O que está por trás da crise energética que pode provocar um novo "apagão" no Brasil ::

Como solução, o governo vem acionando as chamadas usinas termelétricas, que produzem energia a partir da queima de carvão. Além de ser uma alternativa mais poluente, a energia das termelétricas é cara. Por isso foi acionada a chamada bandeira vermelha patamar 2, que é a tarifa mais cara na conta de luz.

Mesmo com essa manobra do governo, a possibilidade de um apagão segue real, segundo especialistas. Eles apontam que o mais provável é um corte de energia seletivo, privilegiando algumas regiões do país em detrimento de outras, em geral as mais populosas.

Risco de queimadas

Na semana passada, a capital mais seca do Brasil foi Cuiabá, com apenas 13% de umidade relativa do ar, seguida por Campo Grande com 15%, segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ambientalistas temem que a seca cause mais um período de fogo descontrolado na região. Só em 2020, 25% do Pantanal foi atingido por fogo.

Por enquanto, a ação governamental foi apenas de proibir queimadas por um período de 120 dias. Mas ações concretas de fiscalização e apoio das equipes anti-incêndios não ocorrem com a intensidade necessária, segundo comunidades rurais.

:: Se queimadas continuarem, Pantanal tende a virar um deserto, afirma biólogo ::

Análises do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que pelo menos metade do território do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul estão sob perigo alto ou crítico para incêndios. As previsões para o resto da semana mostram que o cenário deve piorar ainda mais.

Além das indicações do instituto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais apontou que a maior parte do Mato Grosso do Sul apresentou seca severa ou extrema em maio. Não há indicativos de melhoras nas próximas semanas.

Guimarães Rosa

Até sábado (17) ocorre a 33edição da Semana Rosiana, evento que homenageia o escritor João Guimarães Rosa. Imortalizado pela obra “Grande Sertão Veredas”, o mineiro é referência mundial pelos romances experimentais e chega a ser considerado criador de uma nova língua, devido à técnica apurada em transformar a oralidade em escrita.

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Por tudo isso, o evento anual, que dura uma semana, presta uma homenagem ao autor. Em 2021, o evento será virtual por conta da pandemia, garantindo presença de participantes de diferentes regiões do país.

Pra conferir e participar, é só acessar o Facebook ou o Instagram do evento, promovido pelo Museu Casa Guimarães Rosa.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes