Devíamos usar 2021 para formular um programa para São Paulo
A sociedade brasileira tem a obrigação de defender o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, pelos crimes praticados por ele pela responsabilidade com o futuro do país. Essa é a opinião do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, que participou do BdF Entrevista na última semana. A conversa foi repercutida na edição de hoje (14) do Programa Bem Viver.
“Temos a obrigação moral de defender o impeachment. Ele já cometeu mais de 20 crimes de responsabilidade. Os americanos fizeram isso: até o último ano [de mandato do ex-presidente Donald Trump] os Democratas pediam o impeachment e isso foi importante até para derrubá-lo nas urnas. Demonstra a tenacidade nas pessoas que tem compromisso com o Brasil, demonstra espírito público e responsabilidade com o que está acontecendo com o país”, disse.
Haddad ganhou projeção nacional em 2018, quando se lançou a candidato a presidência da república. Ele foi ao segundo turno e perdeu para Jair Bolsonaro. O ex-ministro estuda a possibilidade de lançar sua pré-candidatura ao governo de São Paulo, porém avalia que a prioridade neste momento é resolver as situações urgentes que o país enfrenta.
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“A prioridade é usar o tempo deste ano para fazer estudo aprofundado sobre o estado de São Paulo. É o que eu estou fazendo. Vou submeter o plano para partidos progressistas e avaliar a possibilidade de formar uma coalização, com vistas de oferecer aos paulistas uma alternativa ao PSDB depois de 28 anos”, disse. “Estou conversando com lideranças do interior e do litoral para saber quais as expectativas em relação a um governo progressista. Temos muito chão pela frente e devíamos usar 2021 para formular um programa.”
O ex-ministro garantiu que seus passos estarão alinhados com os do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com o objetivo de derrotar Bolsonaro e o Bolsonarismo em 2022.
Agronegócio e memória ancestral
Um relatório da organização não-governamental Terra por Direitos aponta que pelo menos 12 mil pessoas foram impactadas direta ou indiretamente pela construção do Terminal Portuário de Santarém, no Pará, projetado para o escoamento de soja. O porto pertence a uma das maiores empresas do agronegócio no mundo, a estadunidense Cargill, e está localizado no encontro dos rios Amazonas e Tapajós.
Desde o princípio do projeto, em 2003, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas denunciavam os impactos que a obra causaria no modo de vida dessas populações. Hoje, as denúncias começam a ficar mais evidentes: onde as comunidades pescavam, quase não há mais peixe; as áreas onde as famílias plantavam é afetada por agrotóxico dos latifúndios vizinhos; e as praias de rio onde a comunidade se banhava não existem mais.
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A obra também foi responsável por violações da memória dessas comunidades. Isso porque o porto foi construído sobre um cemitério ancestral indígena do povo Tapajós, os primeiros ocupantes da região. Segundo o estudo há vestígios de ocupação pré-colombiana do território de cerca de 10 mil anos atrás.
Pós Covid-19
Pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, recebem pessoas interessadas em participar de um monitoramento sobre a chamada Longa Covid, que são os efeitos que permanecem na pessoa que contraiu a doença mesmo depois de curada.
Profissionais acompanharão a recuperação dos sintomas e as informações coletadas durante os tratamentos dará base para um estudo aprofundado sobre esse tema. Quem quiser saber mais, pode buscar informações no site da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Unesp.
Infância
A Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) lançou um manual de brincadeiras adequadas para estimular o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e outras habilidades da criança. As atividades são adequadas para cada momento da infância, desde os primeiros meses.
São duas cartilhas chamadas “O bebê nasceu, e agora? Vamos brincar!” que trazem dicas de brincadeiras para cada faixa etária. Para bebês de quatro a seis meses, por exemplo, a orientação é apresentar livros de tecido, pedaços de pano, bichinhos, argolas, pequenos potes, bolas e cubos, objetos espelhados e sonoros. Já para bebês de até dois anos, o mais indicado são brincadeiras para identificar partes do corpo, objetos e animais. Crianças de oito anos já se interessam por jogos com regras claras.
O material está disponível aqui.
Cinema quilombola
Começa hoje a segunda Mostra de Cinema dos Quilombos. São 13 curta-metragens que serão exibidos até o dia 24 deste mês. Os filmes ficarão disponíveis apenas por 24 horas, de forma que só é possível assistir um determinado título apenas no dia que ele é exibido.
A programação completa está disponível aqui.
A mostra também conta com debates com os realizares do filme. Ela foi idealizada pelo cineasta mineiro Cardes Monção Amâncio, coordenador do Cinecipó.
A ideia surgiu durante a realização do documentário "Rota do Sal Kalunga", filme dirigido por Cardes em 2014, junto com André Portugal Braga, que conta sobre o Quilombo dos Kalungas. Na ocasião, Cardes percebeu o quanto seria importante um espaço que ampliasse a visibilidade de filmes produzidos nos quilombos, realizados por quilombolas ou em parceria com pessoas de fora das comunidades.
O projeto também oferece oficinas audiovisuais em comunidades quilombolas, além de manter aberto um chamamento para filmes produzidos por quilombolas e cineastas cujos trabalhos dialoguem com o tema.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).
A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.
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Edição: Sarah Fernandes