Todos os anos, na estação mais quente, retornam com força aos postos de saúde e hospitais os casos de dengue, chikungunya e Zika. Todas essas doenças, também chamadas de arboviroses urbanas, são causadas pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada em recipientes de plantas, caixas d’água destampadas, pneus e outros materiais que comportem água.
Este ano, mais uma vez, a proliferação de casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito da dengue, acontece durante a pandemia de covid-19. Por isso é comum que a população tenha algumas dúvidas entre as similaridades dos sintomas.
“Arboviroses são síndromes febris e febre também é um dos principais sintomas de covid, que é uma síndrome respiratória. Isso é um desafio diagnóstico”, explica Diego Vieira, médico, que atua no programa Mais Médicos e como plantonistas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Fortaleza.
“Quando o paciente febril, prostrado, chega para a consulta eu tenho que levar em consideração que pode ser dengue, covid ou até uma co-infecção de ambas”, acrescentou o médico. Diego relata estar atendendo muitos casos de dengue e explica que a essa “é uma endemia cíclica; no momento, estamos em um período de pico de casos, suspeitos e confirmados”.
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Os sintomas mais comuns para dengue, segundo o Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas Nº 1 da Secretaria de Saúde do Ceará, são: febre - usualmente entre dois e sete dias - e duas ou mais das seguintes manifestações náuseas, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro orbital, petéquias, prova do laço positiva ou leucopenia. Ao surgirem sintomas a orientação é procurar atendimento médico.
Pessoas que tiveram recentemente dengue ou uma outra arbovirose não têm, até o momento, contraindicação quanto à vacinação contra covid-19. No entanto, as autoridades de saúde não indicam a vacinação para pessoas com com quadro febre ou sintomas gripais.
::Vacinação contra a covid-19: obrigatória ou facultativa?::
Sem dados
Desde o ano passado, por causa da crise sanitária mundial da covid-19, o Ministério da Saúde, através da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses (CGARB), orientou a suspensão temporária do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti. Essa orientação se deu para evitar o contato de agentes de endemias com a população, dado o caráter de seu trabalho.
No entanto, a falta de dados sobre os focos de criação do mosquito podem dificultar a geração de políticas públicas e programas de conscientização para combater a sua proliferação.
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Segundo dados do Boletim Epidemiológico, publicado dia 19 de abril deste ano, apenas 16,30%, ou seja, 30 dos 184 dos municípios cearenses realizaram o primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti de 2021. Ainda segundo o Boletim, até a data de publicação do informativo já haviam sido notificados 4.172 casos de dengue, que é principal das arboviroses, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), sendo 34,2% (1.432) confirmados e 40,6% (1.696) descartados.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Saúde do Ceará por telefone para mais orientações sobre como proceder em casos de arboviroses e em quadros de co-infecção com covid, assim como o programa de imunização para esses caos, mas até o fechamento da matéria não obtivemos retorno.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena