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Programa Bem Viver repercute premiação do intelectual negro Luiz Gama

O jurista foi reconhecido como Doutor Honoris Causa pela USP devido a sua atuação no combate à escravidão

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Em um momento em que ainda não havia defensoria pública, Luiz Gama possibilitou, com seu trabalho, o acesso de inúmeros negros à justiça
Em um momento em que ainda não havia defensoria pública, Luiz Gama possibilitou, com seu trabalho, o acesso de inúmeros negros à justiça - Reprodução/Nação
Quantas pessoas tiveram seu valor intelectual não reconhecido pelo racismo?

O intelectual, jornalista, jurista e figura extremante importante para a abolição da escravatura no Brasil, Luiz Gama, foi reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa Póstumo pela Universidade de São Paulo (USP), devido a sofisticação de seu trabalho jurídico e da intensa dedicação em prol da libertação de escravos e do combate à escravidão no Brasil. A importância do intelectual para o país foi debatida na edição de hoje (2) do Programa Bem Viver.

“Esperamos que esse reconhecimento estimule estudantes e pesquisadores a estudarem mais a obra jornalística, jurídica e literária de Luiz Gama, colocando-o como um intelectual brasileiro”, disse o professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da USP, Dennis de Oliveira, que propôs o título a Luiz Gama. “Quantas pessoas tivemos e temos que pelo racismo estrutural tiveram seu acesso à universidade negado e seu valor intelectual não reconhecido? Aproveitamos a História para denunciar o racismo estrutural e o elitismo das universidades, do mundo jurídico e do jornalismo.”

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 21 de junho de 1830, em Salvador, filho de um fidalgo português, e Luiza Mahín, mulher africana da costa Mina, que foi uma importante ativista contra a escravidão, envolvida em diversos levantes na Bahia no início do século 19.

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Luiz Gama, nascido livre, foi escravizado aos 10 anos ao ser vendido pelo próprio pai para saldar dívidas de jogo. Ele foi levado para São Paulo onde e aos 17 anos aprendeu a ler e escrever, um conhecimento permitiu que ele conquistasse judicialmente a própria liberdade.

Em 1850, tentou ingressar no curso de Direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas negro e pobre não foi admitido formalmente como aluno. Ele então permaneceu nos corredores da faculdade, frequentou noite e dia a biblioteca e assistiu a inúmeras aulas como ouvinte. Após muita mobilização, Luiz Gama conseguiu se formar advogado e se transformou no maior especialista jurídico na libertação de escravizados, tendo libertado pelo menos 500 pessoas.

“O reconhecimento que ele recebe é em razão da sofisticação das suas peças jurídicas e do trabalho em prol da libertação de escravos, em um claro compromisso com defesa dos direitos humanos, da igualdade social e contra os absurdos do escravismo. Isso faz dele um intelectual”, disse Oliveira, que é também membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre o Negro Brasileiro da USP.

Luiz Gama faleceu em 24 de agosto de 1882, aos 52 anos, antes da assinatura da Lei Áurea. Em 2018, foi promulgada a lei que declarou o intelectual como o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Também, na mesma data, foi publicada a lei que inscreveu Luiz Gama no Livro dos Heróis da Pátria.

Mobilizações contra Bolsonaro

Amanhã (3) ocorre a terceira onda de manifestações do Movimento Fora Bolsonaro, campanha organizada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo contra a gestão do presidente durante a pandemia do novo coronavírus. Os protestos reivindicam a ampliação da vacinação, o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 e o fortalecimento das investigações dos supostos casos de corrupção na compra dos imunizantes envolvendo o governo federal.

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São quase 200 municípios com atos já marcados, de norte a sul do país. Os protestos ocorrerão também em ao menos 11 cidades do exterior, em países como Canadá, Estados Unidos, Itália, Portugal e Reino Unido.

A lista dos locais e horários das manifestações está disponível aqui.

Para participar é fundamental cumprir os protocolos de segurança da pandemia, como manter o distanciamento e usar máscara, de preferência as que têm selo de aprovação dos órgãos reguladores, como as PFF2. É importante levar mais de uma máscara, para trocar caso você fique mais de três horas na atividade.

Uma segunda opção é usar as máscaras cirúrgicas e descartáveis. As menos recomendadas são as de tecido. Uma dica eficiente é usar a máscara cirúrgica e a de tecido por cima para garantir uma segurança extra. No caso das PFF2 use somente ela, porque colocar outra por cima pode prejudicar a vedação.

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Cozinha saudável

Na edição de hoje do Programa Bem Viver os ouvintes aprendem a fazer um rápido e delicioso pão de milho, preparado em um utensilio muito tradicional da cozinha brasileira: a frigideira de ferro. “A panela de ferro, pelo material e pela espessura, aquece em alta temperatura e ajuda a acelerar o cozimento do pão. Ter uma panela de ferro é sempre bom”, afirmou a cozinheira profissional Sayonara Salum, que compartilhou a receita.

Para preparar o pão serão necessários poucos ingredientes: 2 xícaras de farinha de milho fina, 1 xícara de farinha de trigo integral, ¾ de colher de chá de sal, 1 colher de sopa de fermento químico, dois ovos, ¼ de xícara de mel, 2 colheres de manteiga e 1 xícara mais ¾ de xícara de água.

O preparo começa derretendo a manteiga na frigideira de ferro. Enquanto isso, em um recipiente, misture os secos e em outro recipiente os úmidos, batendo bem os ovos. Na sequência, misture os ingredientes úmidos com os secos e levo-os a frigideira com a manteiga. Aí só levar a frigideira ao forno, em alta temperatura, por 25 minutos.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes