O deputado Rodrigo Amorim (PSL-RJ) se envolveu em uma confusão com indígenas que faziam um ato contra o Projeto de Lei 490 (PL 490) nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no centro da cidade, nesta quarta-feira (30).
Os indígenas estavam sentados na entrada principal do edifício quando Amorim passou e se dirigiu a eles. Em entrevista ao Brasil de Fato, Suzana Para'í, jovem liderança da Aldeia Mata Verde Bonita, localizada em Maricá, na região metropolitana do Rio, disse que o parlamentar ofendeu o grupo.
"A gente estava ali, cantando, e ele chegou filmando com a segurança dele. E disse que estávamos vestidos de índios, mas que não éramos índios, que era tudo prostituta", disse Suzana, que chegou cedo para protestar e pedir apoio do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), contra o PL 490, que tramita na Câmara Federal e propõe a alteração da legislação de demarcação de terras indígenas em todo o país.
Deputado Rodrigo Amorim (PSL-RJ) discutiu com indígenas que faziam ato em frente à Alerj nesta quarta-feira (30). (Vídeo: Eduardo Miranda) pic.twitter.com/jdz5YOadP7
— Brasil de Fato RJ (@fato_rj) June 30, 2021
Durante o protesto, também ocorria nas escadarias da Casa Legislativa um ato de apoio ao "superpedido" de impeachment apresentado na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta quarta-feira (30).
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Racismo
Presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã e membro do Conselho Estadual de Direitos Indígenas, Marize Vieira de Oliveira Pará Rete também presenciou o bate-boca e disse que vai entrar com representação no Conselho Ética e Decoro Parlamentar da Alerj contra Amorim.
"Dois anos atrás, ele esteve na Aldeia Maracanã e disse que aquilo lá era lixo urbano, que quem gosta de índio que fosse para a Bolívia. O Brasil inteiro é terra indígena, qual é o local nesse país que não tem nome tupi-guarani?", questionou a liderança.
Marize disse que o deputado do PSL foi "preconceituoso, discriminador e racista" e considera, de forma errada, que é preciso "estar vestido como índio para ser índio". Ela afirmou que Amorim comentou uma série de equívocos, já que havia ali pessoas que vivem em aldeias.
"Meu povo guarani, o povo que está aqui hoje, é aldeado, tanto da Costa Verde quanto de Maricá. Ele dizer isso é racismo e discriminação, ele não tem o direito de estar dentro de uma Assembleia Legislativa porque ele não representa nada do que se fala em relação à lei, à justiça e aos direitos. Ele é preconceituoso, discriminador e racista".
Em nota, o deputado Rodrigo Amorim afirma que "foi alvo de xingamentos e provocações de manifestantes e se dirigiu aos mesmos exigindo respeito". Ele alegou que é favorável ao direito de manifestação, mas que "há entre os indígenas alguns militantes que se aproveitam da causa para terem ganhos eleitoreiros-partidários".
* Matéria atualizada em 01/07, às 19h10.
Edição: Mariana Pitasse