Na próxima quarta-feira (30), o plenário da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro vota a cassação definitiva do mandato do vereador Dr. Jairinho (sem partido), preso em abril pela morte do enteado de 4 anos, Henry Borel.
O Conselho de Ética da Casa aprovou por unanimidade o relatório que defendeu a perda do mandato do parlamentar, na última segunda-feira (28). Portanto, a votação no plenário será a última etapa do processo.
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Em resposta à inclinação dos vereadores em aprovar a cassação, o deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade) está usando toda a sua influência política e entrando em contato com os parlamentares, na tentativa de salvar o mandato do filho, segundo informações da colunista Berenice Seara, do jornal Extra.
Para a perda definitiva do mandato, são necessários dois terços dos votos, ou seja, um mínimo de 34 vereadores.
Coronel Jairo
Pai de Jairinho, o Coronel Jairo retornou à Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) no início do mês de junho, quase dois anos e oito meses após ter o mandato suspenso, em 2018.
O cargo foi preenchido por Jairo após o deputado estadual Rodrigo Bacellar (Solidariedade) assumiu a Secretaria de Governo do governador Cláudio Castro (PSC).
O último mandato de Jairo, que também havia assumido como suplente, foi interrompido porque o parlamentar foi preso por suspeita de ter recebido R$ 2,8 milhões em propina, além de ser acusado de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos. Acusações que ele nega.
Milícias
Conforme noticiado em reportagem do Brasil de Fato de abril deste ano, Jairo e Jairinho aparecem em uma pesquisa acadêmica, publicada em 2008, apontados como um dos líderes milicianos com trajetória política em entrevistas feitas com moradores de áreas controladas por esses grupos criminosos.
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O nome de Jairo também integrou a lista de investigados pela CPI das Milícias, conduzida pelo agora deputado federal Marcelo Freixo (PSB), na Alerj, em 2008. Na ocasião, não foi indiciado por “falta de provas”.
Além disso, outro episódio que chama atenção no histórico de pai e filho são os elementos que indicam o envolvimento dos dois na captura e tortura de uma repórter e um fotógrafo do jornal O Dia, em 2008.
Os jornalistas foram pegos após se tornarem infiltrados na Favela do Batan, localizada na zona Oeste do Rio, para produzir matérias sobre a milícia que dominava o local.
Edição: Mariana Pitasse