A Força Aérea Brasileira (FAB) aplicou no último domingo (27) prova válida pela primeira fase do concurso da Aeronáutica com 131 vagas para oficiais em carreiras de engenharia.
O tema proposto para a redação foi a utilização da chamada linguagem neutra, em que artigos, substantivos, adjetivos e pronomes com definição de gênero são substituídos por variantes de uso comum para masculino e feminino.
::Linguagem neutra: prática inclusiva busca combater preconceito estrutural::
Veja abaixo reprodução da página do teste da FAB sobre o tema.
O teste apresentou como suporte de apresentação ao tema proposto uma série de textos reflexivos sobre a linguagem neutra, sem, no entanto, estabelecer qualquer conclusão acerca do assunto - ou seja, se é considerado certo ou errado o uso de tal variante linguística.
::Machismo na linguagem cotidiana é tema do Programa Bem Viver::
Mesmo assim, a prova da FAB causou revolta em grupos conservadores da sociedade, que se manifestaram nas redes sociais.
Uma das postagem sobre o tema que teve maior número de compartilhamentos e comentários foi da juíza da Vara da Infância e Juventude de Unaí (MG) Ludmila Lins Grilo, que chamou de "imbecilidade" o tema tratado. A magistrada postou uma série de mensagens criticando a prova da FAB, e milhares de usuários compartilharam os posts.
A prova para Oficial de Apoio da AERONÁUTICA que aconteceu hoje trouxe o tema “linguagem neutra”.
— Ludmila Lins Grilo (@ludmilagrilo) June 27, 2021
Os textos apresentados exaltavam a referida imbecilidade com ares de grandes evoluções linguísticas, tentando elevá-la à categoria de assunto sério e de honorável respeitabilidade. pic.twitter.com/fBwIAGIjY0
Lins Grilo assume publicamente ser discípula do escritor Olavo de Carvalho, posta fotos com ele em suas redes e já esteve envolvida em inúmeras polêmicas por sua atuação nas redes sociais.
Em janeiro deste ano, a juíza postou fotos e mensagens em que ensinava as pessoas como burlar a obrigatoriedade do uso de máscaras em shopping centers e outros espaços públicos. Portar um copo e alegar que está tomando um sorvete, por exemplo, seria uma das táticas.
“Andando no shopping tomando sorvete. Com sorvete pode andar sem a máscara, acabar de tomar o sorvete você bota a máscara. O vírus não gosta de sorvete”, disse a magistrada, em vídeo que publicou em suas redes sociais.
Por causa dessa publicação, foi aberto um procedimento investigatório no Conselho Nacional de Justiça para apurar a conduta da juíza de primeira instância de Unaí.
Edição: Vinícius Segalla