O apresentador bolsonarista Sikêra Jr., que comanda o programa "Alerta Nacional", na RedeTV!, sofreu bloqueio de financiamento por publicidade de pelo menos sete marcas nas últimas 24 horas, depois de ter feito na última segunda-feira (28) declarações discriminatórias e preconceituosas ao comentar uma propaganda do Burger King sobre o Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Uma campanha do grupo Sleeping Giants Brasil, que monitora a disseminação de discursos de ódio na internet e pressiona para que marcas desistam de patrocinar personalidades e programas com esse viés, fez com que a MRV, Ford, Novo Mundo e Hapvida anunciassem em suas contas em redes sociais o fim de financiamento.
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Já a Nívea, Tim e Magazine Luiza informaram que bloquearam o canal do apresentador no YouTube para que suas propagandas não apareçam no programa da RedeTV! e ele receba por isso.
Na segunda-feira (28), o Sleeping Giants Brasil chegou ao topo de menções do Twitter com a hashtag #DesmonetizaSiqueira e #DesmonetizaSikera para pressionar mais marcas a abandonarem a publicidade na RedeTV!.
Em pelo menos três episódios no mês de junho, Sikêra Jr. falou em seu programa em "matar" gays, disse que sentia "nojo" de homossexuais e disse que não-heterossexuais não são normais.
Denúncia
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública contra a emissora e o apresentador por conta de falas discriminatórias e preconceituosas contra a população LGBTQIA+ na grade de programação do canal de televisão (aberta e fechada).
Segundo o MPF, Sikêra relacionou a prática de crime, pedofilia e uso de drogas à homossexualidade, entre outras falas de menosprezo e de preconceito.
O MPF assina a ação em conjunto com a associação que atua na defesa dos direitos humanos da população LGBTQIA+ Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual e pede que Rede TV! e Sikêra Jr sejam condenados ao pagamento de R$ 10 milhões a título de indenização por danos morais coletivos – valor a ser destinado à estruturação de centros de cidadania LGBTQIA+.
Além da indenização, a ação civil pública também requer a exclusão da íntegra do programa veiculado no dia 25 de junho de seus sites e redes sociais e que tanto a emissora como seu apresentador sejam obrigados a publicar retratação pelos mesmos meios e mesmo tempo e em idêntico horário.
Edição: Eduardo Miranda