ALIMENTAÇÃO

Campanha prepara dossiê contra "pacote do veneno" e debate enfrentamento a agrotóxico

Ação Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida promove evento de mobilização nacional no próximo dia 29

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Projeto de Lei (PL) 6299/02 flexibiliza ainda mais o uso de agrotóxicos no país - Foto: ALCE

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida começou sua mobilização em 15 de junho e vai manter os trabalhos até o dia 6 de julho. Na data final, será lançado o Dossiê Contra o Pacote do Veneno e em Defesa da Vida, sobre o Projeto de Lei (PL) 6299/02, que flexibiliza ainda mais o uso de agrotóxicos no país.

Na próxima terça-feira (29), vai acontecer o terceiro encontro da mobilização nacional, às 10h. O evento vai trazer para o debate “As políticas e práticas de redução de agrotóxico” e de promoção da agroecologia, e poderá ser acompanhado pelo canal de YouTube da campanha por meio do link: https://www.youtube.com/contraosagrotoxicos..

A ideia é mostrar que a agricultura sustentável e produtiva pode ser feita e já está sendo realizada em vários locais. Serão tratados temas como o aumento da fome em meio aos recordes de safra do agronegócio, a lei pioneira do Ceará de proibição da pulverização aérea no estado, a iniciativa Agroecologia nos Municípios e a produção agroecológica e orgânica.

:: “Assim como o coronavírus, o agrotóxico adoece e mata”, alerta imunologista ::

As conversas vão ser feitas com Beto Palmeira, do Movimento Pequenos Agricultores (MPA), com o deputado estadual Renato Roseno (PSOL-CE), com Sarah Moreira, da Articulação Nacional de Agroecologia, e Antônia Ivoneide, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

De acordo com Juliana Acosta, representante da Campanha, a discussão é de extremo interesse da população. “Ninguém quer comer mais veneno. Ninguém quer agrotóxico na água. Ninguém quer agrotóxico no leite materno. Mas, sabemos que existe uma forte pressão da bancada ruralista para que a presidência da Câmara coloque em votação o PL 6299, de 2002”, diz.

Segundo Acosta, esse projeto é avaliado com preocupação há anos pelo grupo. “Ele já passou pela comissão especial, mas, até o momento, ele está parado para votação no plenário. E, nesse momento, em que a gente discute uma crise sanitária sem precedentes, em que muita gente está morrendo, e sobrecarregando o sistema de saúde, não parece o momento oportuno para discutir qualquer projeto que traga ainda mais veneno para a população”, explica.

De acordo com o deputado Pedro Uczai (PT-SC), coordenador do Núcleo Agrário do PT, os venenos estão sendo liberados cada vez mais desde o governo de Michel Temer e, agora, com o governo de Jair Bolsonaro, mais ainda.

“Por isso a importância de discutir o impacto sobre as águas, sobre o meio ambiente, sobre o alimento e sobre a vida humana, a saúde humana. Por isso que essa mobilização tem como objetivo não só fazer uma crítica e compreender as consequências do uso excessivo de agrotóxicos no Brasil, sobre o meio ambiente e sobre a vida humana, mas também o que nós vamos colocar no lugar”, afirma.

Em seguida, ele continua: “Por isso, uma política nacional de redução de agrotóxicos. Por isso, uma política pública de apoio à produção de alimento saudável, agroecológico, agroflorestal”. 

Edição: Vinícius Segalla