DESIGUALDADE

Curta ‘Olho da Rua’ alerta para fome e convoca apoio a ações de Júlio Lancellotti

Com orquestra e MC’s, projeto une artistas contra a desigualdade e incentiva doações à Pastoral do Povo de Rua

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"Tem uma massa de pessoas cada vez maior com fome, revirando lixos à procura de comida. Não podemos ficar indiferentes", adverte maestro da Ocam - Amanda Barros/Divulgação

São Paulo – Para reforçar a luta do padre Júlio Lancellotti e alertar sobre o problema da fome, diversos artistas se uniram para a realização do curta-metragem Olho da Rua. A produção foi lançada na semana passada no canal do YouTube da Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). O objetivo da iniciativa é arrecadar fundos à Pastoral do Povo de Rua, coordenada pelo pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo. 

Segundo os organizadores, o filme “faz arte atendendo a um sentido de urgência que o momento atual exige”, como descreve o maestro Gil Jardim à repórter Júlia Pereira, da Rádio Brasil Atual. O regente está à frente da Ocam, que guia a performance em parceria com o Coral Paulistano Mário de Andrade e artistas do movimento hip hop. 

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“Com esse filme a gente inicia uma campanha para divulgar e ampliar o trabalho realizado pela Pastoral do Povo de Rua, que atende tanta gente. Tem uma massa cada vez maior de pessoas com fome, que assim acaba revirando lixos à procura de comida. Por isso, precisamos ir além do que já temos feito, não podemos ficar indiferentes de jeito nenhum. Essa é a principal mensagem de Olho da Rua, pois é urgente que a empatia que a gente sente seja transformada em ação efetiva”, destaca Gil Jardim.

 

Olhar de dignidade

Na mistura do clássico com o popular, o mestre de cerimônias, o MC, slammer e arte-educador Lucas Afonso, um dos artistas que faz parte do projeto, defende que iniciativas de solidariedade são de extrema importância para as pessoas em situação de rua. “Sobretudo considerando esse contexto de pandemia no Brasil. Temos outras referências aí mundo afora, de outras gestões, que lidaram melhor com a pandemia. No Brasil temos as nossas particularidades”, critica o poeta. 

“Então pensando nesse contexto é de suma importância esses movimentos e campanhas. É na hora da urgência, que o ‘bicho pega’, que vemos quem está para somar mesmo. Tiro meu chapéu para o padre Júlio Lancellotti e todos e todas que fazem parte desse trabalho. Essas pessoas estão invisíveis. É muito importante que a gente tenha o cuidado de olhar para o lado e pensar nos nossos irmãos e irmãs de forma mais digna.”

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Há mais de 30 anos, o padre Júlio Lancellotti dedica seus dias à população em situação de rua. Com a crise sanitária, o trabalho vem ganhando mais visibilidade, mas o religioso explica que as ações não devem se restringir a este momento. “Esperamos que todos se sensibilizem e sejam solidários. Os atos estão presentes mas não podem ser pandêmicos. Eles têm que ser endêmicos e estarem presentes também nas estruturas econômicas, políticas e sociais”, ressalta à Rádio Brasil Atual. 

As doações para a Pastoral do Povo de Rua podem ser feitas via PIX no CNPJ 63.089.825/0097-9. Ou por meio de depósito na conta (Banco Bradesco, agência 0299, conta corrente 034857-0), em nome da Paróquia São Miguel Arcanjo, com o mesmo CNPJ. Mais informações podem ser obtidas nos canais da orquestra no Instagram e no Facebook.