Ao se classificar para a final do Super Praia, na última quinta-feira (24), a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg mais uma vez não deixou a entrevista do final do jogo se resumir aos detalhes sobre a partida.
No microfone, manifestou indignação sobre o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia, desta vez sem citar seu nome diretamente. Também se solidarizou aos familiares das mais de 500 mil vítimas da covid-19 no Brasil.
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“Já foi o tempo em que dava para ficar aqui, jogando, sem falar sobre o que está acontecendo. Eu não consigo. A gente tem mais de 500 mil mortes. São mais de 500 mil famílias totalmente despedaçadas. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se a gente tivesse comprado as vacinas, então é muita indignação, muita”, disse.
Após a repercussão nas redes sociais de mais um posicionamento político ao final da partida, nesta sexta (25), ao lado de sua dupla Bárbara Seixas, Carol foi vencedora do Super Praia, conquistando o primeiro título da parceria.
A competição encerra o calendário do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia e possui campeões distintos do vencedor da temporada. Por isso, tem premiação dobrada em relação às demais etapas do torneio principal.
"Esse ouro tem um gosto especial pra mim, ter me posicionado contra esse governo gera muitas críticas e como atleta muitas vezes é pesado lidar com isso tudo. Tive que ser muito forte de cabeça hoje para focar só no jogo depois da entrevista que dei na semi final, porque logo em seguida recebi um monte de mensagens de pessoas me xingando e me ameaçando. Foram três pratas seguidas, estávamos batendo na trave e hoje foi sensacional. O ouro é nosso. Estou muito feliz", disse a atleta ao Brasil de Fato.
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Em setembro do ano passado, a atleta se tornou figura carimbada nos jornais e portais de notícia por gritar “Fora, Bolsonaro”, ao final de uma entrevista após a conquista do bronze, na primeira etapa do Circuito Brasileiro. A manifestação rendeu uma denúncia apresentada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei movida pela procuradoria do órgão.
O julgamento, transmitido online com audiência recorde para o canal do STJD, foi considerado como um divisor de águas na discussão sobre liberdade de expressão no esporte brasileiro: tanto pela repercussão, quanto pelo tratamento diferenciado que a atleta recebeu.
Carol foi punida com multa convertida em advertência. No final da audiência, os auditores ainda deixaram claro que ela não pode voltar a se manifestar politicamente na quadra. Após recorrer à decisão, em segunda instância, a atleta foi absolvida.
Edição: Rodrigo Chagas