Em meio a um forte esquema policial, lideranças indígenas do acampamento Levante pela Terra em Brasília se reúnem nesta quarta-feira (23) nos arredores da Câmara dos Deputados para acompanhar mais um dia de votação do Projeto de Lei (PL) 490.
É o segundo dia consecutivo em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara tenta votar a matéria. Nesta terça-feira (22), a sessão foi cancelada após a Polícia Militar (PM) reprimir violentamente um protesto pacífico de indígenas contrário à proposta da bancada ruralista.
A ação, classificada como "covardia" por lideranças partidárias e do movimento indígena, terminou em dois manifestantes com ferimentos graves e outros 10 com ferimentos leves. Um policial ficou ferido na perna.
Para a votação desta quarta-feira (23), a PM ocupou o entorno do Congresso e interditou o trânsito de veículos na avenida que dá acesso aos anexos II e IV da Câmara. Viaturas dos batalhões de operações especiais do Distrito Federal (DF) fazem uma ronda ostensiva, tornando o clima tenso.
:: Entenda o “bolo de retrocessos” contra os indígenas que o PL 490 carrega ::
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a repressão não alterou o ânimo da luta contra o PL, que inviabiliza a demarcação de terras indígenas e promove a abertura dos territórios ao agronegócio, à mineração e à construção de hidrelétricas.
"Sabemos que os ataques não irão parar e que não temos o privilégio de parar de lutar. Seguiremos na capital federal balançando nossos maracás para que o mundo inteiro saiba da importância das nossas vidas até o último indígena", afirmou um comunicado assinado pela Apib.
Edição: Leandro Melito