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Quem é o superintendente do Incra investigado por assédio e coação pelo MPF?

Cassius Rodrigo assumiu cargo durante governo Temer e hoje é apoiador declarado de Cláudio Castro e de Flavio Bolsonaro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O atual superintendente do Incra RJ Cassius Rodrigo de Almeida e Silva concorreu às eleições em 2018 - Foto: Reprodução/Facebook

O superintendente do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) do Rio de Janeiro, Cassius Rodrigo de Almeida e Silva, está sob investigação do Ministério Público Federal (MPF) por assédio e coação a assentados da reforma agrária no programa de crédito e reforma habitacional do órgão. Além da atuação denunciada, o Brasil de Fato apurou informações sobre Cassius que ajudam a desvendar a rede da qual faz parte.  

Cassius se apresenta em sua página no Instagram como “pai, esposo e gestor” e também consultor em desenvolvimento pessoal. Já no Facebook, ele detalha sua experiência profissional como “professor, biólogo, gestor público, trilheiro, conselheiro”. 

Na semana passada, ele usou a rede social para divulgar a sua participação em um curso básico de tiro no município de Barra Mansa, no sul do estado do Rio. A divulgação dos vídeos foi vista com receio por assentados que questionam a atuação do superintendente do Incra.

Também na página do Instagram, ele ostentou uma foto ao lado do governador Claudio Castro (PSC) e do senador Flávio Bolsonaro (Patriota –RJ), após uma reunião para falar sobre as questões fundiárias do estado.


Da esquerda para a direita: Cassius Rodrigo, Claudio Castro e Flavio Bolsonaro / Foto: Reprodução/Instagram

Eleições 

Em 2018, o superintendente se candidatou a deputado estadual pelo Solidariedade, obtendo 3.300 votos e não sendo eleito. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cassius destacou a sua ocupação como “técnico de enfermagem e assemelhados (exceto enfermeiro)”, não fazendo menção ao seu cargo no Incra. Também declarou bens que somaram R$ 28 mil. 

O cargo de superintendente do Incra é uma função comissionada. Pelo Portal Transparência é possível constatar que o vínculo de Cassius com o órgão vem desde 2016, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), tendo se licenciado para concorrer à vaga no legislativo do estado do Rio e retornado para a função após perder a eleição já no governo Bolsonaro. 

Questionamento

A atuação do superintendente junto a famílias assentadas no interior do Rio tem sido alvo de questionamentos por advogados e de investigação pelo Ministério Público. As denúncias contra Cassius começaram em abril a partir da assinatura de contratos para a liberação de créditos habitacionais de até R$ 34 mil para a construção de moradia nos projetos de reforma agrária criados ou reconhecidos pelo Incra. 

Leia mais: MPF investiga assédio de superintendente do Incra em assentamentos do estado

Segundo os advogados que representam os assentados, o superintendente coagiu as famílias a assinarem documentos e a transferirem o recurso financeiro para uma empresa não cadastrada no órgão que seria a responsável pela obra.

No dia 10 de maio ocorreu uma audiência pública coordenada pelo procurador da República no Rio de Janeiro, Júlio Araújo, para ouvir os envolvidos. Na ocasião, o superintendente Cassius respondeu aos questionamentos e negou as acusações.

Em reportagem do Brasil de Fato, o procurador da república comentou que após a audiência, foi dado prosseguimento investigativo ao caso para a área criminal da Procuradoria Geral da República e também para a corregedoria do Incra. 

Edição: Mariana Pitasse