Rio de Janeiro

Coluna

#EliminaElBloqueo: ele também é um vírus

Imagem de perfil do Colunistaesd
Em todas as 29 Assembleias da ONU, a maioria dos estados-membros votaram para eliminar o bloqueio a Cuba - VALERIE PINARD/HANS LUCAS/AFP
A 29ª votação da ONU sobre o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba acontecerá nesta quarta-feira (23)

*Por Carmen Diniz

Nesta quarta-feira (23) será votada na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) a Resolução 74/7 com o título “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba”.

Será a 29ª votação sobre o mesmo tema na ONU. Em todas elas a maioria dos estados-membros daquela instituição votaram para eliminar o bloqueio a Cuba.

A primeira votação ocorreu em 1992 e atualmente a quase unanimidade dos países vota a favor da resolução apresentada por Cuba, ou seja, contra o bloqueio. Descontadas as abstenções e alguns não comparecimentos, 189 países votam a favor de Cuba e dois a favor de continuar o bloqueio (EUA e Israel).

Uma vez que a decisão na ONU não tem poder coercitivo, o bloqueio continua e os EUA ignoram a vontade de quase todos os demais países. Ao contrário, durante o  governo Trump houve um endurecimento em grande escala contra a Ilha e tomadas 243 medidas de aumento das sanções. Até agora nenhuma alteração pelo novo inquilino da Casa Branca.

O fato é que as justificativas dos EUA vão de: “o problema é o sistema político de Cuba” que rotulam como uma "ditadura".  Neste caso, estranhamente o bloqueio não foi aplicado aos países da América Latina que sofriam, nas décadas de 1960 e 1970, públicas e sangrentas ditaduras da chamada “Operação Condor”. 

Outra desculpa seria: “o problema é que são comunistas”. Mas se for isso, como explicar durante a Guerra Fria as relações com a União Soviética? E atualmente com a China, o Vietnam? Nunca os bloquearam.

Na verdade a história do bloqueio se inicia em 1961 quando fica bem clara a intenção do governo estadunidense no documento recentemente tornado público denominado Memorando Mallory.

É importante ressaltar que o nome que se dá a essa criminosa medida, que castiga o povo cubano, não se pode chamar de embargo.

Embargo é uma medida bilateral de um governo em relação a outro que descumpre, por exemplo, sua parte em um acordo. Bloqueio é uma medida unilateral que no caso extrapola seus limites e alcança, inclusive terceiros países ferindo as normas do direito internacional que permite que os EUA sancione outros países que negociem com Cuba.

É uma norma genocida e criminosa e sua única e tenebrosa explicação é fazer com que os governos (independente do partido, porque são mais do mesmo, os democratas e os republicanos) sejam eleitos pela comunidade da Flórida, grande reduto eleitoral, que conta com cubanos-americanos contrarrevolucionários.

Além disso, como dizia o Comandante, não suportam que um país socialista viva 'embaixo de seus narizes'.  

Agora, durante a pandemia que o mundo sofre, o bloqueio se torna ainda mais duro. E Cuba responde com solidariedade do seu sistema de saúde enviando profissionais a qualquer país que o necessite. Sem abrir mão do sistema socialista que seu povo escolheu soberanamente.

Por tudo isso seguimos pedindo pelo fim do bloqueio e não vamos parar até a vitória. Mais cedo ou mais tarde ele vai ser eliminado, sem dúvida. O bloqueio continua. A solidariedade também.

*Integrante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba.

Edição: Mariana Pitasse