É preciso integrar lavoura, pecuária e floresta
A caatinga, único bioma 100% brasileiro, é um ecossistema frágil onde qualquer perturbação pode evoluir para um cenário grave e irreversível: a desertificação. Este processo degrada solos e leva a perda de biodiversidade, de recursos hídricos e de alternativas de geração de renda. As ações de conversação, no entanto, devem vir alinhadas com iniciativas de segurança alimentar, hídrica e energética, com incentivo à agroecologia e à preservação de sementes.
A opinião é do presidente do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, Severino Ribeiro, que concedeu entrevista ao Brasil de Fato de Pernambuco, com repercussão na edição de hoje (17) do Programa Bem Viver. Ontem (16) foi celebrado o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, data instituída pela ONU para chamar a atenção e buscar alternativas para os problemas.
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“A restauração da caatinga tem que ser pensada de forma diferente. É importante fazer uma integração das ações, visando geração de renda e segurança hídrica e energética. As ações não devem ser apenas com viés ecológico, de recuperar a flora nativa. Elas têm que vir junto com a compreensão do sistema socioecológico da região”, disse Ribeiro. “É preciso integrar lavoura, pecuária e floresta. É necessário desenvolver metodologias que além da restauração florestal gerem renda e segurança alimentar, como os sistemas agroflorestais e as redes de sementes.”
Muitas vezes a caatinga é vista como um ecossistema pobre e improdutivo, por estar em locais de clima quente e seco. Mas o bioma é extremamente rico, com uma diversidade única de plantas e ao menos 500 espécies de animais. Ele ocupa cerca de 10% do território brasileiro, e se estende por nove estados, quase todos no Nordeste, com exceção de Minas Gerais.
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“A melhor estratégia para conversar a caatinga é mantê-la em pé. Existem várias formas de fazer isso gerando renda e benefícios para o sertanejo”, afirmou Severino. “Quando comparada com outros biomas, como a Mata Atlântica, a caatinga tem lacunas de conhecimento. É preciso investir em pesquisa, em desenvolvimento e em instituições da escala executiva que trabalhem na preservação do bioma.”
Desaparecidos
“Minha filha saiu de casa 5h20 da manhã para ir ao trabalho e não conseguiu chegar. Foi aí que começou a minha trajetória, há 11 anos, na qual eu me tornei uma colecionadora de perguntas”, disse Sandra Moreno, mãe de Ana Paula, que desapareceu aos 23 anos em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. A entrevista foi concedida à Rádio Nacional.
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Para tentar avançar nas investigações de casos como este, uma campanha do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e de governos estaduais vai criar um banco de material genético para identificar desaparecidos em todos país. Para isso ocorre até amanhã (18) um mutirão de coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas.
O ideal é que o material seja doado por parentes mais próximos, como pai, mãe, filhos e irmãos. Os dados ficaram à disposição de polícias de todo país. Pelo menos 250 pontos para receber material genético foram montados em diversas regiões. Para saber qual o mais perto da sua casa, acesse aqui.
“A iniciativa vai ao menos diminuir o número de mortos sepultados como indigentes, isso já é de grande valia”, disse Sandra, que é presidenta do Instituto Ana Paula Moreno, criado para ajudar famílias a encontrar pessoas desaparecidos.
No Brasil uma média de oito pessoas desaparecem por hora, em um total de 190 por dia, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Saboroso e nutritivo
Rico em carboidratos, fibras e minerais, o pinhão, a saborosa semente da araucária, é um alimento nutritivo que ajuda a contar a história de toda uma região do nosso país.
"Boa parte dos imigrantes que colonizaram o sul do Brasil comeram araucárias e aprenderam esse hábito com os indígenas”, diz Natal João Magnanti, agrônomo do projeto Saberes e Fazeres do Pinhão, de Santa Catarina. “Do ponto de vista nutricional, é um alimento muito completo. Tem baixíssimo colesterol e tem ômega 6 e ômega 9 que são ácidos graxos importantes para a alimentação humana. Não à toa as populações indígenas espalharam araucárias por onde eles passavam".
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Antes da colonização havia mais de 180 mil quilômetros de mata de araucária no país. Essa vegetação nativa e tradicional, no entanto, foi alvo de intenso desmatamento para o uso de madeira. Hoje restam apenas 2% da vegetação nativa. Diversos projetos socioambientais trabalham para reverter essa situação.
Mobilização social
Movimentos sociais organizam nova manifestação contra o governo do presidente Jair Bolsonaro no próximo sábado (19) em 246 cidades do Brasil e do exterior. Os protestos, que ficaram conhecidos como “19J”, tem como mote “vacina no braço e comida no prato” e reivindicam a ampliação imediata da campanha de vacinação contra Covid-19 e o pagamento de auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia.
De acordo com informação do jornal “O Globo” da última terça-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cogita participar dos atos, em São Paulo. Na última manifestação, realizada em 29 de maio, ele preferiu não comparecer pessoalmente nem participar da convocatória. Confira a programação completa aqui.
Outra mobilização importante para o país ocorreu ontem (16), em Brasília, quando indígenas de diversas etnias realizaram um ato em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) pedindo a demarcação das terras indígenas e a saída do presidente do órgão, Marcelo Xavier.
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Ao menos 800 indígenas de 40 etnias participam de um acampamento na capital nacional desde 8 de junho, como protesto contra o Projeto de Lei 490 que pode dificultar a demarcação de terras e facilitar obras e a exploração de recursos naturais em territórios indígenas.
Garimpeiros ilegais já ameaçam Yanomamis e Munduruku em suas terras. Indígenas temem que com a aprovação do PL 490 as investidas se tornem ainda mais recorrentes e violentas. Para eles, o PL é um retrocesso e um desrespeito à Constituição.
Edição: Sarah Fernandes