Segurança alimentar

Programa Bem Viver debate como política de Bolsonaro influencia no aumento da fome

Para frei Sérgio Görgen, o Brasil enfrenta aumento da fome porque governo privilegia agronegócio

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Modelo agroexportador de commodities está entre as principais causas da insegurança alimentar no meio rural. Na foto: colheita de soja em Salto do Jacuí (RS) - 5 de abril de 2021 - SILVIO AVILA / AFP
Não dá condições dos pequenos produzirem porque não há crédito nem garantia de comercialização

Independente da pandemia do novo coronavírus, o Brasil enfrentaria um cenário de aumento da fome e da insegurança alimentar porque a política implantada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro privilegia o agronegócio e retira direitos das populações do campo, principais produtoras de alimentos no país. É o que defende o frei franciscano Sérgio Görgen, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores, entrevistado hoje (16) no Programa Bem Viver.

“A insegura alimentar tem uma causa mais profunda: o erro total dos governos do [ex-presidente] Michel Temer e Bolsonaro de só apoiar agronegócio, a produção de soja, cana-de-açúcar e milho”, avalia. “Esse quadro de fome e inflação no preço dos alimentos estava se desenhando desde antes da pandemia. Os governos Temer e Bolsonaro destruíram as condições de produção de alimentos básicos, que é feita pelos pequenos agricultores. São ele que produzem feijão, arroz, batata, mandioca, ovos, leite, tudo o que as pessoas comem”, avalia.

:: Na pandemia, 13,6% dos brasileiros acima de 18 anos já ficaram um dia sem refeição ::

De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar em Contexto de Covid, ao menos 19 milhões de pessoas vivenciaram situações de fome nos últimos meses de 2020. A alta nos preços dos alimentos, o aumento da inflação e o empobrecimento das famílias foram fatores que agravaram o quadro. Desde o começo da pandemia, agricultores pedem ajuda do governo para manter a produção e a subsistência no campo.

“Este governo é inimigo da segurança alimentar, porque só fortalece o latifúndio, o desmatamento e a grande produção de soja. Bolsonaro negou vacina e agora nega alimento. Não dá condições dos pequenos produzirem porque não há crédito, apoio, nem garantia de comercialização”, afirmou.

A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada um projeto de socorro a agricultores na pandemia. O texto agora será analisado pelo Senado e prevê um pacote de medidas que devem vigorar até 31 de dezembro do ano que vem. Ao menos 70% dos alimentos que consumimos pela população vem da agricultura familiar.

Violência contra mulheres do campo

Ao todo, 446 quilombolas, indígenas, posseiras e trabalhadoras sem-terra foram ameaçadas de morte nos últimos dez anos, segundo o Relatório Conflitos no Campo Brasil, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os casos vão de violência sexual até assassinatos.

:: Violência contra mulheres e meninas no campo sangram territórios tradicionais ::

A maior parte das vítimas estão na Amazônia e são ameaçadas por garimpeiros, madeireiros, sojeiros e mineradoras. Entre 2011 a 2020, foram registradas 77 tentativas e 37 assassinatos de mulheres em conflitos fundiários e socioambientais.

“As mulheres têm cumprido um protagonismo muito grande, de estarem à frente dessas lutas e resistências, enfrentando o latifúndio do agronegócio. As mulheres se organizam e vão à luta, fazem todo um processo de denúncia e começam a ser perseguidas, muitas delas com ordem de prisão”, disse Gilvânia Ferreira, dirigente do Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) no estado do Maranhão.

Mobilização popular

Movimentos sociais organizam um novo protesto contra o governo de Bolsonaro no próximo sábado, dia 19. As mobilizações, batizadas de “19J”, têm com o lema “vacina no braço, comida no prato” e vão ocorrer em pelo menos 200 cidades brasileiras.

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Movimentos populares, sindicais e as Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que estão organizando os atos, esperam superar o número de participantes dos últimos atos, em 29 de maio. Os manifestantes também reivindicam vacinação imediata e a volta do auxílio emergencial de 600 reais durante a pandemia.

Para participar é necessário usar máscara de proteção e manter o distanciamento social. Confira a programação completa pelo país aqui.

Sopa portuguesa

O friozinho chegou em diversas partes do país e, para aquecer, o Programa Bem Viver começa a trazer sugestões de “comidas quentinhas” como sopas e caldos.

A chefe de cozinha Letícia Massula ensina a preparar uma receita de sopa portuguesa, que tem como base pão dormido, ovo e temperos a seu gosto. Ela leva apenas 10 minutos para ficar pronta e é uma opção para aproveitar legumes e verduras que já estão na geladeira.

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Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes