Rio Grande do Sul

Fim ao Bloqueio

Campanha de solidariedade a Cuba já arrecadou mais de R$ 200 mil no Brasil

Único país latino americano e caribenho a produzir sua própria vacina contra a covid, Cuba necessita de insumos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Resolvemos continuar com essa campanha porque o bloqueio não acabou e não vai acabar tão cedo" - VALERIE PINARD/HANS LUCAS/AFP

Pequena ilha na América Central, próxima a megapotência americana, Cuba é o único país latino americano e caribenho a produzir sua própria vacina contra a covid-19. Atualmente são cinco vacinas que estão sendo desenvolvidas no país, sendo elas a Soberana 1, Soberana 2, Soberana Plus, Abdala e Mambisa. 
 
Com 11,33 milhões de habitantes, Cuba tem 158 mil casos de pessoas infectadas e 1.087 vítimas fatais. Mais de 1 milhão de cubanos já receberam a primeira dose de alguma delas, mais de 900 mil já receberam a segunda. Ainda, receberam um reforço (terceira dose) mais de 180 mil. 

Na fase mais crítica da pandemia, em abril deste ano, o país adotou medidas mais enérgicas para conter o avanço da covid-19, entre elas restrições de mobilidade na ilha e sinalizações em casas onde possa haver pessoas contaminadas. Medidas que vão na contramão das adotadas no Brasil, que segue, em muitos casos, relaxando cada vez mais nas medidas de combate ao coronavírus. 

No contexto da pandemia, a Ilha sofre com o bloqueio imposto a ela no que tange a insumos como seringas e agulhas para seguir a vacinação e cumprir a meta de ter toda a sua população imunizada até o final do ano. O plano é ter, até agosto, mais de 6 milhões de pessoas vacinadas, o que representa praticamente a metade da população da ilha de quase 12 milhões de habitantes. Para furar esse bloqueio, uma campanha de solidariedade se formou. 

Conforme destacou Ricardo Haesbaert, da Associação Cultural José Martí, até o momento a campanha conseguiu 30 milhões de seringas com agulha no mundo todo. De acordo com ele, até o momento, a campanha no Brasil possibilitou a compra de um conteiner de 20 polegadas, que cabe em torno de 1 milhão de seringas para Cuba. 

Ricardo informa que através da Câmara Empresarial Brasil-Cuba já foi possível arrecadar mais de R$ 200 mil, que irão garantir a compra dessas vacinas e outro insumos hospitalares. A campanha segue em aberto. 

“Resolvemos continuar com essa campanha porque o bloqueio não acabou e não vai acabar tão cedo, e Cuba precisa dessa solidariedade, isso é um simbolismo político para denunciar esse bloqueio também”, afirmou durante a live da Rede Soberania e Brasil de Fato RS, conduzida por Luiz Muller. 

“Cuba é um país pequeno, sob um bloqueio cruel”

Também participante da live, Teresita Campos Avella, professora e diretora da Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil, falou sobre a realidade cubana e fez referência a um vídeo (exibido durante a live) em que Fidel Castro fala sobre o desenvolvimento de vacinas na ilha.

"Precisamente, desde 1965, após o triunfo da revolução cubana, se cria em Cuba por parte de Fidel, laboratórios científicos em todo o país. Uma das razões pela qual hoje Cuba tem 5 vacinas contra a covid-19, é precisamente por causa desta data, são mais de 30 anos de desenvolvimento de diferentes tipos de vacinas", recordou. 

Ao falar das vacinas, Teresita comentou que há mais 40 países solicitando a produção de vacinas. "Cuba é um país pequeno, sob um bloqueio cruel, e estamos desenvolvendo 5 vacinas", ressaltou com orgulho. No Brasil, a cidade de Belém do Pará, por exemplo, negocia a compra da vacina cubana.

Segundo Teresita, há uma sexta vacina em planos de desenvolvimento, em parceria com a China, com outra metodologia de produção, tendo como objetivo a preparação para o surgimento das novas cepas que aparecerão.

Ainda conforme relatou a professora, Cuba dá exemplo na prevenção da covid-19, destacando a ação de 28 mil estudantes de Medicina que trabalham detectando e buscando os casos de pessoas infectadas diretamente em suas casas.

Também referiu-se sobre a estrutura dos centros de isolamento, relatando o caso de uma pessoa conhecida, que mora num prédio onde há outros 14 apartamentos. Foi detectado que ela estava infectada pelo vírus, então, todas as famílias que moram neste prédio foram deslocadas para este centro, para ficar em isolamento. Um lugar onde recebem todas as refeições e duas rodadas de testagem, para só depois poderem voltar para suas casas.

"Essa prevenção em Cuba é constante, isso nos ajuda a prevenir [o aumento de casos]. As aulas também estão suspensas e temos horários para nos recolher, ao mesmo tempo em que avançamos na vacinação."

 
CAMPANHAS DE SOLIDARIEDADE A CUBA

CAMPANHAS DE SOLIDARIEDADE A CUBA - ENVIO DE SERINGAS DO BRASIL E RECEBIMENTO DE VACINAS CONTRA A COVID-19 Com María Teresita Campos Avella e Ricardo Haesbaert

Posted by Brasil de Fato RS on Thursday, June 10, 2021

 

Uma pequena ilha que resolveu investir em ciência e biotecnologia

“Nós poderíamos estar produzindo a nossa vacina desde que apareceu a pandemia”, frisou Ricardo. Conforme contextualizou, Cuba começou a desenvolver sua vacina a partir de abril e está chegando a sua fase final. 

“Vai conseguir vacinar toda a sua população até o final do ano com vacina própria. Nós podíamos estar nessa situação. Além da compra de vacinas que o Brasil poderia ter feito, e que está comprovado que o governo protelou de forma deliberada, boicotou seu povo. Esse é um governo que não dá para aceitar”, afirmou. 

Conforme ressaltou, o Brasil precisa ter mais vacinas e apressar as vacinas vindas de fora. “Por isso nossa campanha mais vacina soberana é no intuito do Brasil também se interessar pela vacina cubana para que a gente possa ter mais proteção. Lá eles estão produzindo essas cinco vacinas”, explicou. 

Ao falar dos prejuízos impostos pelo bloqueio estadunidense, Ricardo exemplificou: "Se fossemos mandar daqui do Brasil um container de 20 polegadas, que cabe em torno de 1 milhão de seringas, para Cuba, o custo seria em torno de 2 mil dólares. Se fosse direto da Flórida, para o Porto de Mariel, seria em torno de 400 dólares".

Ele também lembrou da próxima Assembleia Geral da ONU, que irá acontecer no dia 23 de junho. De acordo com Ricardo será a 29ª vez que Cuba vai levar uma moção que pede para acabar com o bloqueio. “Já foram votadas 28 vezes, a última foi em 2019. O Brasil até então nunca tinha votado contra, mas acompanhou, pela primeira vez, através de seu governo genocida, o voto de Trump, que colocou mais 200 medidas novas para sufocar a revolução cubana que o Biden não tirou até agora”, expôs. 

Para ele as pessoas precisam ter conhecimento que Cuba é uma pequena ilha com 11 milhões e 400 mil habitantes e que gera amor ao mundo todo, na medida que empresta o que tem de melhor, o trabalho humanitário. “Nós tivemos aqui no país a experiência com o Mais Médicos, onde vieram mais de 11 mim profissionais daquela ilha, para atender a população brasileira. Cuba merece nosso amor, nossa gratidão.” 

Por fim cita a frase icônica do líder revolucionário cubano José Martí, "Pátria é Humanidade". “Se não tivermos unidade dentro do povo a gente não consegue avançar. E é nesse sentido que Cuba nos dá o exemplo, o que consegue manter a revolução cubana é a unidade do seu povo, é o amor à humanidade, não é somente a sua pátria. (..) É isso que temos que ter como sentimento, a alma não tem fronteira, nem uma vida é estrangeira, não pode ter cercas entre nós, entre os países, quando um povo está sofrendo nós estamos sofrendo junto.” 

Para contribuir com seringas e insumos a Cuba basta usar o PIX: CNPJ 34.131.511/0001-64 - Agência 4770-8 C/C 13844-4 - Banco do Brasil - Câmara Empresarial Brasil-Cuba


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Edição: Katia Marko