O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) deverá desligar o supercomputador Tupã até agosto, por falta de recursos. O orçamento recebido pelo Inpe em 2021 é o menor da história.
Dos R$ 76 milhões previstos, apenas R$ 44,7 milhões foram liberados. O restante foi contingenciado e ainda não se sabe quando será liberado. O Tupã consome cerca de R$ 5 milhões por ano em energia elétrica.
O equipamento é responsável por coletar e tratar dados meteorológicos, emitir alertas climáticos e subsidiar pesquisas científicas em uma área tão sensível.
O Tupã tem sido amplamente utilizado pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe) durante os últimos anos.
Embora a previsão da diretoria do instituto seja de desligamento parcial do Tupã, a expectativa é que a medida causará prejuízos a pesquisas em andamento e ao fornecimento de dados meteorológicos.
Como consequências, entre outras, dificultar o monitoramento de queimadas no Brasil, assim como estiagens e mudanças climáticas que têm impacto direto sobre a situação hídrica, a agricultura etc.
Nesta segunda-feira (14), o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) protocolou representação ao Ministério Público Federal e aos MPs dos estados das regiões Sueste, Sul e Centro-Oeste, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e Defensorias Públicas dessas regiões.
Na petição, a organização reivindica que o governo federal apresente, por meio do Ministério de Minas e Energia e demais órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, um plano de contingência para prevenir maiores danos à sociedade e ao meio ambiente.
E também medidas para garantir a continuidade do monitoramento realizado pelo Inpe, em especial do adequado funcionamento do CPTEC, com monitoramento e eficaz processamento de dados produzidos pelo supercomputador Tupã.
Para Carlos Bocuhy, presidente do Proam, “é inaceitável que em um momento como esse, diante da crise hídrica esperada no segundo semestre, com aumento dos preços da energia e risco de racionamento de água, o supercomputador seja desligado, com o argumento de falta de verbas”.