Política e saúde

‘Bolsonaro usa pandemia para atacar instituições’, diz médico ao Programa Bem Viver

‘Ele quer desacretidar instiuiçõe para dizer que eleições foram fraudadas caso perca’, avalia Aristóteles Cardona

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'Está no centro da política desse governo alimentar confusões que deixam dúvidas sobre a realidade' - Arquivo/Agência Brasil
Falam que o tratamento precoce é opinião, mas não é. É uma questão de ciência

O governo do presidente Jair Bolsonaro insiste no uso do chamado tratamento precoce para casos de Covid-19 não porque acredite na eficácia dos medicamentos contra a doença, mas para criar uma narrativa própria sobre a pandemia, fortalecer seu viés ideológico e colocar em dúvida as principais instituições do país. “Parece que Bolsonaro quer as instituições desacreditadas porque aí fica mais fácil chegar em 2022 e, caso perca as eleições, dizer que elas foram fraudadas”, disse o médico Aristóteles Cardona, entrevistado de hoje (14) no Programa Bem Viver.

“Quando avaliamos o governo desde o seu início percebemos que ele está cheio de verdades alternativas e de tentativas de esconder a realidade, porque assim fica mais fácil. Não a toa em determinado momento na pandemia o governo tentou modificar a contagem de casos e mortes de Covid-19. Era uma forma de esconder o que estava acontecendo. Seria mais fácil criar discursos e narrativas que fugissem a realidade”, disse o médico.

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Ele defende que o uso do tratamento precoce não é um posicionamento que possa ser entendido como opinião pessoal, mas sim como erro científico. Os medicamentos já são comprovadamente ineficazes contra a doença e alguns não são sequer indicados para tratamento de vírus, além de poderem causar graves efeitos colaterais.

“Falam que o tratamento precoce é opinião, mas não é. É uma questão de ciência, são dados concretos. O governo fica a todo tempo, como política, querendo deturpar a realidade para criar suas verdades alternativas”, disse o médico.

O mesmo ocorreu na semana passada, quando a presidenta do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, afastou por dois meses o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, apontado como autor de um relatório falso que levanta dúvidas sobre o número de mortes por Covid-19 no país, e pediu abertura de processo administrativo para apurar o caso. O relatório foi usado pelo presidente para questionar os dados da pandemia.

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“Está no centro da política desse governo alimentar esse tipo de confusão, que deixa dúvidas sobre a realidade. Fica claro que esse caso foi premeditado, foi construído em cima de uma política”, afirmou Aristóteles. “O responsável foi afastado, mas essas notícias ficam circulando nas redes sociais, em grupos de Whatsapp e alimentando o discurso. Ele precisa ser punido de forma exemplar par que isso não se repita.”

Violência contra a mulher

No último ano, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de violência no Brasil. O total corresponde a pelo menos 17 milhões de mulheres vítimas de violências física, psicológica ou sexual. Os dados são da terceira edição da pesquisa “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A proporção é maior entre as mulheres negras. Ao todo 28% delas relataram ter sofrido agressões. Metade dos caos ocorreu dentro casa e 73% dos agressores eram íntimos das vítimas, em especial maridos, namorados e ex-maridos ou ex-namorados.

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Uma das autoras da pesquisa, Amanda Pimental, afirma que a pandemia agravou o problema. “O maior tempo convívio nesse período dentro de casa fez com que mulheres se deparassem com uma situação ainda mais hostil e violenta, lidando com maridos que passaram por instabilidades como perda de emprego e redução da renda familiar. Tudo isso contribui para a formulação de um ambiente familiar ainda mais tenso.”

O convívio mais longo com os agressores, a perda de renda familiar e isolamento afastaram mulheres da sua rede de proteção e tornaram mais difícil o combate à violência, segundo o estudo.

Comida de verdades

A cozinheira profissional Letícia Massula ensina uma receita deliciosa e muito nutritiva de arroz com legumes a moda mediterrânea e do Oriente Médio. O prato reúne todos os grupos alimentares, agrada diferentes paladares e ainda aproveita os alimentos da época. E um dos pontos mais práticos e interessantes é que você vai precisar de apenas uma panela para o preparo.

No Programa Bem Viver, Letícia usou abobrinha, berinjela, pimentão e couve, além de arroz e carne moída. Mas é possível adaptar a receita para usar os ingredientes que você já tem na sua geladeira.

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Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes