No próximo fim de semana, dias 11 a 13 de junho, representantes do grupo das sete potências econômicas mundiais (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Japão) realizarão sua 47ª Cúpula em Cornwell, Inglaterra.
Entre os principais temas de debate estão a crise sanitária mundial gerada pela covid-19, a taxação tributária a transnacionais do setor de tecnologia e as mudanças climáticas.
Ainda que a China seja a segunda maior economia do mundo, com um PIB de US$ 15,4 trilhões, o país havia sido excluído do grupo, porque sua renda per capita ainda a posicionava como um país em desenvolvimento.
Apesar de que o governo chinês ultrapassou a meta, erradicando a pobreza extrema no país, outros interesses geopolíticos impedem que Pequim ingresse no G7.
Pandemia
Há uma proposta de assinar um compromisso geral para garantir a vacinação a todos os países do mundo até o final de 2022.
A notícia gerou muita revolta popular pela retórica das grandes potências sobre suas preocupações com a pandemia, enquanto está comprovado que são as principais acumuladoras de vacinas.
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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 70% dos imunizantes já produzidos no planeta foram aplicados na população das dez maiores economias mundiais.
Nos EUA, que compraram mais de duas vezes as doses necessárias para imunizar toda a sua população, os efeitos já são notados. Milhões de doses da Pfizer poderão perder a validade ainda no mês de junho sem terem sido aplicadas a nenhum paciente.
Existem pelo menos quatro pontos de concentração de protestos em Cornwell, somente o grupo de ativistas Extinction Rebellion confirmou uma caravana de mil manifestantes para rechaçar o evento.
Imposto global
No último sábado (6), os ministros de Economia dos países do bloco chegaram a um pré-acordo de criação de um imposto mínimo mundial de 15% a 20%, que deveria ser pago pelas transnacionais tanto nos países onde possuem suas sedes, como nos lugares onde geram lucros com suas vendas.
No caso de gigantes, como Google, Amazon e Facebook, a medida poderia impactar em praticamente todo os países do globo. Somente as seis maiores empresas do Vale do Silício, nos EUA, (Apple, Amazon, Google, Facebook, Netflix e Microsoft) deixaram de pagar US$ 100 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) em impostos nos últimos 10 anos, segundo levantamento da Fundação Fair Tax.
🚨 At the @G7 in London today, my finance counterparts and I have come to a historic agreement on global tax reform requiring the largest multinational tech giants to pay their fair share of tax in the UK.
— Rishi Sunak (@RishiSunak) June 5, 2021
👇The thread below explains exactly what this means. #G7UK pic.twitter.com/HdcK1HuM91
Alguns CEOs manifestaram sua disposição para pagar o novo tributo global, o que surpreendeu já que uma reportagem investigativa da empresa ProPublica, com datos do Serviço de Impostos dos Estados Unidos, apontou que os 25 estadunidenses mais ricos, entre eles, Jeff Bezos, dono da Amazon, não pagavam imposto sobre a renda.
Para Giorgio Romano Schutte, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Paulista (UFABC), a reposta das gigantes tecnológicas faz parte do seu marketing internacional.
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A iniciativa do imposto global está em consonância com a política da administração Biden de aumentar os tributos sobre os super ricos de 21% a 28% e começar a taxar o faturamento destas empresas.
A proposta, anunciada como um "acordo histórico", já gerou polêmica entre alguns membros da União Europeia. O ministro de Finanças da Irlanda, que é sede fiscal das empresas Facebook e Twitter, declarou que existem 139 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e "qualquer decisão dever ser satisfatória para os pequenos e grandes países".
I look forward now to engaging in the discussions at @OECD. There are 139 countries at the table, and any agreement will have to meet the needs of small and large countries, developed and developing. (2/2)
— Paschal Donohoe (@Paschald) June 5, 2021
"Entre o G7 é um ponto pacífico, mas é claro que haverá resistência entre os países do G20", afirma Giorgio Romano Schutte, professor da UFABC.
Constantinos Petrides, chefe da pasta de economia do Chipre também expressou ressalvas ao projeto durante a última sessão do Parlamento Europeu.
"Somos favoráveis à fixação de taxas de impostos desde que se mantenha o nível de acordo com o desenvolvimento sustentável das economias e investidores", declarou.
Os dois países possuem legislação favorável aos paraísos fiscais - zonas com alto sigilo bancário e taxação mínima. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), anualmente circulam cerca de US$ 600 bilhões (R$ 3,3 trilhões) em paraísos fiscais.
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Para ser aplicado, o imposto global deve ser aprovado pelo G20, que tem seu próximo encontro previsto para outubro, e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Mudanças climáticas
Para Schutte, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Jonhson tenta reposicionar seu país como um ator global, logo após a saída da União Europeia. Por isso tanto a cúpula do G7, como a 26ª Cúpula do Clima serão realizadas em território inglês.
Washington tenta apresentar nesta cúpula suas políticas relacionadas à economia verde para preparar os debates prévios à COP26, que será em novembro em Glasgow.
Um dos carros-chefe da campanha de Biden era a mudança da base energética mundial do petróleo para outros minerais, favorecendo o desenvolvimento de empresas do Vale do Silício.
Repercussão
Esta será a primeira reunião do G7 do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Para Schutte, o encontro servirá para reforçar a presença mundial dos EUA, seus vínculos com a União Europeia e para fortalecer o grupo dos sete frente ao G20 e aos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul).
"Estados Unidos tem uma vontade de reforçar o pacto atual, mostrar sua liderança e reafirmar sua hegemonia no mundo", afirma o professor universitário.
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A Casa Branca também já indicou que busca "compartilhar valores globais" com os seus pares durante o encontro. "Com isso eles querem dizer coordenar políticas para conter a ascensão da China. Algo que será um pouco mais difícil, já que a Europa busca construir certa autonomia e uma política menos agressiva", analisa Giorgio Schutte.
Depois da 47ª cúpula do G7, Biden irá se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, pela primeira vez.
A Rússia havia ingressado no grupo das super potências em 1998, transformando em "G8", mas foi excluída em 2014 depois da anexação da Crimeia.
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Três grandes temas estão sobre a mesa: a retomada do acordo nuclear com o Irã, a retirada das tropas militares do Afeganistão e a relação com Belarus.
"Biden vai tentar criar uma pauta conjunta com a Rússia. Ele precisa dos russos para retomar o acordo nuclear. Por isso, fez um gesto suspendendo as sanções contra o Nord Stream 2 (gasoduto entre Rússia e Alemanha)", analisa Schutte.
Edição: Leandro Melito