O ex-assessor do secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Ernesto Muyshondt foi detido na última sexta-feira (4), em San Salvador, acusado de crime organizado.
Em vídeos divulgados nas redes sociais, o assessor de Almagro é visto entregando dinheiro a representantes das pandillas - organizações paramilitares vinculadas ao narcotráfico. Muyshondt foi prefeito da capital salvadorenha, entre 2018 e 2021, pelo partido Aliança Repulicana Nacionalista (Arena) e é considerando um dos maiores opositores a Nayib Bukele, atual presidente de El Salvador.
Ernesto Muyshondt @emuyshondt, ha acordado sumarse como asesor a la Secretaría General de @OEA_Oficial pic.twitter.com/iY6bE4YM3X
— Luis Almagro (@Almagro_OEA2015) June 3, 2021
Muyshondt tem um processo aberto desde 2019 no Ministério Público, acusado de direcionar US$ 69 mil (cerca de R$ 379 mil) para compra de votos, através da sua associação com pessoas da quadrilha. O ex-prefeito afirma ser um preso político.
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Em audiência, em fevereiro de 2020, Ernesto Muyshondt se declarou inocente e afirmou que o presidente do seu partido também deveria ser indiciado por ter lhe entregado US$ 30 mil para pagar às maras - grupos de crime organizado.
Relação com OEA
Na última quinta-feira (3), o secretário geral da OEA, Luis Almagro anunciou que Ernesto Muyshondt seria seu novo assessor. Em seguida, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele declarou sua saída da Comissão Internacional Contra a Impunidade em El Salvador (Cicies), organismo vinculado à OEA.
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"Decidimos romper nosso convênio com a OEA-Cicies, porque é despropósito tratar de combater a impunidade justamente com as pessoas que a estão promovendo em El Salvador", afirmou o chefe de Estado em conferência de imprensa no último sábado (5). Bukele ainda acusou Almagro de promover uma agenda política na região.
"Los salvadoreños con principios sintieron una bofetada cuando vieron ayer que Luis Almagro contrataba a @emuyshondt; alguien que negoció con la vida de las familias, de la gente", Presidente @nayibbukele. pic.twitter.com/HCh9g0WQSe
— Casa Presidencial (@PresidenciaSV) June 5, 2021
O acordo entre El Salvador e OEA, que deu origem à Cicies foi assinado em novembro de 2019, já sob gestão do atual mandatário.
Com a ruptura do acordo, investigações que acusavam o desvio de dinheiro público para combater a pandemia da covid-19 durante gestão de Bukele serão interrompidas.
Edição: Vivian Virissimo