O presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido, e seus filhos devem se filiar ao Patriota, sigla conservadora comandada por Adilson Barroso.
A notícia foi dada pelo senador Flávio Bolsonaro (RJ), um dos herdeiros do chefe do Executivo, que se filiou à legenda e discursou em convenção partidária nesta segunda (31), ocasião na qual divulgou a novidade.
A ideia é que o clã concorra às eleições de 2022 pelo novo partido, que ainda aguarda a inscrição oficial de Bolsonaro em seus quadros. Em seu discurso, Flávio disse que o objetivo é construir “o maior partido do Brasil após as eleições”.
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O parlamentar, que anunciou saída do Republicanos no último dia 26, comparou o contexto do Patriota ao histórico do PSL, sigla pela qual o pai se elegeu no último pleito e que tinha apenas um deputado antes da chegada de Bolsonaro: “Fizemos bancada com 52 deputados. Não tenho dúvida de que a gente pode construir um partido maior ainda que o PSL”.
Além de Flávio, Bolsonaro tem ainda outros dois filhos que atuam na política institucional: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro, que já legisla pelo Patriota no Rio de Janeiro.
Em sua trajetória política, Jair Bolsonaro já passou por oito legendas. Foram elas: PDC (1990-1994), PPR (1993-1995), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2017) e PSL (2018-2019). O chefe do Executivo ainda não comentou publicamente a ida ao Patriotas.
Patriota
Durante a convenção partidária desta segunda (31), Adilson Barroso chegou a afirmar que o presidente Bolsonaro teria fechado a filiação à sigla “sem pedir uma bala” em troca.
Nos bastidores, o dirigente tenta fertilizar o terreno dentro da legenda para facilitar a filiação do chefe do Executivo e seus aliados.
Dentro do Patriota alguns nomes fazem eco contrário à novidade. É o caso do líder do MBL Rubinho Nunes. Atual vereador de São Paulo (SP), ele se manifestou nesta segunda pelo Twitter criticando a notícia:
“Bolsonaro comprou o Patriota. A vinda do senador Flávio Bolsonaro é profundamente lamentável. Um partido que já foi prejudicado pelo bolsonarismo no passado tomar uma atitude destas [é algo que] mostra a pequeneza do partido e a ausência de valores éticos e morais”, postou.
Outros correligionários se queixam ainda de ilegalidade na convenção do Patriotas realizadas nesta segunda. O deputado federal Fred Costa (MG), que lidera um dos grupos internos do partido, está entre eles. Adilson Barroso não comentou o assunto.
O Patriota é o antigo Partido Ecológico Nacional (PEN), que mudou de nome entre 2017 e 2018, após autorização do TSE. O presidente Bolsonaro chegou a flertar com a sigla em 2017, quando, inclusive, assinou ficha de filiação. Na sequência, no entanto, ele migrou para o PSL, consolidando a aliança que o levou à Presidência da República.
Edição: Leandro Melito