Cobertores, agasalhos e uma sacola “muito especial”. Assim Rosângela da Silva, a Janja, companheira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descreveu as doações levadas ao padre Júlio Lancellotti para aliviar o frio de quem vive nas ruas de São Paulo. “São as roupas da minha mãe que faleceu de covid faz seis meses. E tenho certeza que ela está feliz com o gesto que a gente está fazendo hoje, de solidariedade.”
As doações foram entregues na Paróquia de São Miguel Arcanjo, zona leste da capital paulista, onde o padre mantém sua obra social. “Tem também um monte de camisa do presidente Lula”, contou Janja. “Às vezes o pessoal vai fazer uma entrevista de emprego e não tem apresentação”, disse ela. O padre brincou: “fazer entrevista de emprego com uma camisa do presidente Lula, eita nós! Cada camisa dessa tem uma história”.
::Padre Júlio Lancellotti tem trajetória de vida narrada em documentário; assista::
As doações poderão ser aproveitadas logo. Padre Júlio contou que foi recentemente lançado um aplicativo para encontrar emprego para moradores de rua, o Trampolim. “E todos que nós temos colocado no Trampolim conseguem trabalho, é impressionante”, comemorou.
Janja também sugeriu a realização de um leilão virtual de ternos do ex-presidente Lula, para arrecadar fundos. “Agradecemos muito. A visita, a doação. E que seja um simbolismo. Neste momento tão difícil do nosso povo, do nosso país, que nós tenhamos sempre gestos de solidariedade, que são gestos transformadores”, ressaltou o padre.
Orgulho
Em suas redes sociais, o ex-presidente Lula se manifestou sobre a visita ao padre Júlio. “Muita gente me pergunta qual foi meu maior orgulho quando estava na Presidência da República. Tem duas coisas que marcaram minha vida. A primeira foi o dia que os catadores e um grupo de pessoas em situação de rua foram recebidos no Planalto. Lembro que eu perguntei pra um deles o que ele gostaria de falar. E ele me disse que não queria falar nada, porque já tinha conquistado o maior orgulho da vida dele, que era visitar um presidente da República”, relata Lula.
A segunda experiência foi com o padre Júlio Lancellotti. Durante os oito anos da minha Presidência, todo 22 ou 23 de dezembro, a gente marcava e vinha aqui embaixo de algum viaduto em São Paulo pra participar do Natal dos Catadores. Isso é uma lembrança que marca minha vida e pra mim é motivo de muito orgulho.”
::Padre Júlio Lancelotti e ativistas põem flores no lugar de pedras sob viaduto em SP::
O ex-presidente afirmou que, naquela época, “a gente tinha acabado com essa coisa de criança na rua pedindo esmola, passando fome”. E avisou: "Esse país não é de miliciano. Esse país não é o país do ódio. Padre Júlio, quero que você tenha certeza que vou ser um soldado da sua luta. Você, pra mim, é exemplo e motivo de orgulho.”