Paraná

Covid-19

Terceira onda pode ser mais forte se vacinação continuar lenta, alerta especialista

No Paraná, vacinação não chegou a 10% da população em pelo menos 111 municípios

Curitiba (PR) |
91 municípios não receberam a segunda dose para imunizar especialmente idosos de 60 anos ou mais - Foto: Giorgia Prates

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nesta quarta (19) mais 7.029 casos e 202 mortes pela Covid-19 no Paraná. Com isso, o estado soma 1.033.452 casos confirmados e 24.916 óbitos. De outro lado, a vacinação ainda não chegou a 10% da população em pelo menos 111 dos 399 municípios paranaenses. E em alguns casos, houve, ainda, recusa em se vacinar por parte da população.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM), a partir do lançamento do “Observatório da Covid-19 nos Municípios do Brasil”, realiza pesquisas semanais junto às cidades para acompanhar o enfrentamento da pandemia. Em recente sondagem sobre recusa às vacinas, pelo menos 117 municípios do Paraná (37,1%) registraram resistência. A maior rejeição é em relação à Astrazeneca, com 54,6% das pessoas, e 42,2% em relação à Coronavac.

A pesquisa revela ainda que ainda 15% dos municípios paranaenses não iniciaram a vacinação para pessoas com comorbidades, como indica o Plano Nacional de Imunização. Outro dado preocupante é a falta de vacinas para a segunda dose: 91 municípios não receberam a segunda dose para imunizar especialmente idosos de 60 anos ou mais.

Terceira onda mais forte

Para o coordenador da Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emanuel Maltempi, a vacinação está lenta e parte da população ainda não compreendeu a importância de se imunizar. “Para que possamos controlar a pandemia, é preciso ter no mínimo 30% da população vacinada, e a queda de números só acontecerá com 50%. Estamos longe dessa marca. O que estamos vendo, agora, é uma queda de letalidade entre os idosos e um aumento na faixa etária de 40 a 59 anos. Some-se a isso que as novas infecções venham da variante P1, que é bem mais forte.”

Se a imunização não for acelerada, Emanuel afirma que a terceira onda será ainda mais crítica. “A responsabilidade de trazer vacinas é do governo federal. Quando, no ano passado, vi que tínhamos quatro a cinco ofertas de vacinas, tive a certeza de que em abril já estaríamos começando a controlar a pandemia. Ledo engano, pois houve a recusa e estamos piorando. As novas ondas podem vir muito piores e com índices de letalidade maiores,” explica.

O que diz a Secretaria da Saúde

Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que “sobre a recusa por parte da população em ser vacinada, há um grande investimento em publicidade para incentivar que a população se vacine e tem sido reforçado que os municípios façam o mesmo.”

Já quanto à falta de vacinas para a segunda dose, “parte das novas remessas de vacinas contra a Covid-19 que chegaram ao estado nas últimas semanas é resultado da articulação da Secretaria da Saúde junto ao Ministério da Saúde para readequações necessárias no Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19. Após o pedido do Governo do Estado, o governo federal readequou os envios e destinou 188.800 doses do imunizante CoronaVac/Butantan para o Paraná. As vacinas são destinadas para a segunda aplicação (D2) de esquemas vacinais já iniciados. Segundo levantamento da Sesa, o Estado estava com déficit de 110 mil doses para D2 em pouco mais de 200 municípios.” 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini