Ciência

PR: Estudo aponta que perfil genético pode tornar paciente mais suscetível à covid

Pesquisadores da PUC do Paraná analisaram amostras genéticas de pessoas que morreram de covid-19

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Objetivo da pesquisa é acrescentar fator genético entre as suscetibilidades para o vírus - Foto: Giorgia Prates

Por que em algumas famílias apenas uma pessoa se contaminou com o coronavírus? Em outros casos, por que uma família inteira é contaminada? Uma das primeiras respostas para essas perguntas é a relação genética. Ou seja, o perfil genético dos pacientes pode torná-los menos ou mais suscetíveis à doença.

Essa evidência científica é decorrente de um estudo realizado por professores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), com participação de profissionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e das Faculdades Pequeno Príncipe. A equipe analisou, com a autorização das famílias, amostras genéticas de 20 pacientes que morreram em decorrência da covid-19 no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba.

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Lucia Noronha, professora de medicina da PUC-PR e integrante do projeto, explica que uma proteína específica foi estudada, a "interleucina 17, que tem uma ação antiviral já bem conhecida na área médica." Casos de famílias inteiras que foram contaminadas, segundo Lúcia, apontam para um padrão genético que produz essa proteína mais fraca.

“Fizemos genotipagem por pontos específicos dentro do gene, que são chamados polimorfismos. Esses poliformismos apareceram nos pacientes da covid-19 estudados em comparação a outro grupo de controle de pessoas que não vieram a óbito. O que já se conclui que esse poliformismo produz menos a interleucina 17”, explica a professora.  O mesmo acontece quando apenas um familiar se contamina. “Trata-se de uma variação no gene”, diz Lúcia.

Teste por saliva pode descobrir perfil genético suscetível

Atualmente, a pesquisa segue sendo aprofundada. Lúcia de Noronha afirma que, como não existe ainda a cura para a covid-19, o caminho é proteger os mais suscetíveis. O objetivo da pesquisa é acrescentar, além das comorbidades já assinaladas como suscetibilidades para o vírus, também o fator genético.

Segundo a professora, se existem pessoas morrendo que não tinham comorbidades, o perfil genético é uma das repostas. “Para frente, o que se pode recomendar, a partir desta pesquisa, é que a população possa fazer o teste genético. É um teste simples, no qual a coleta de saliva é suficiente para fazer um exame genético no paciente”, diz.

O estudo dos pesquisadores da PUC-PR, intitulado “Lung Neutrophilic Recruitment and IL-8/IL-17A Tissue Expression in COVID-19” foi publicado na revista científica Frontiers in Immunology, referência na área de imunologia.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini