cessar-fogo

EUA bloqueiam pela 3ª vez declaração da ONU contra ataques de Israel a Gaza

Justificativa da diplomacia dos EUA é a de que o país "não pode apoiar expressão do Conselho de Segurança no momento"

|

Ouça o áudio:

Na última semana, pelo menos 61 crianças foram mortas e mais de mil pessoas no território, incluindo 366 crianças, também ficaram feridas - Abbas Momani/AFP

Os Estados Unidos bloquearam pela terceira vez, em uma semana, a declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza. O documento, elaborado por China, Tunísia e Noruega neste domingo (16), manifesta repúdio às hostilidades e pede um cessar-fogo na região.

:: "Isso não é uma guerra": olhares palestinos sobre ataques em Burin, Gaza e Jerusalém ::

A justificativa da diplomacia de Washington, aliada do governo israelense, é a de que o país "não pode apoiar uma expressão do Conselho de Segurança no momento".

Segundo a agência AFP, o texto que ainda não foi publicado manifesta "séria preocupação" com os bombardeios contra a Faixa de Gaza e condenam a expulsão de família palestinas pelas forças israelenses do bairro Sheik Jarrah, em Jerusalém Oriental.

Biden conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no último sábado (15). Na ligação, o premiê israelense disse ao democrata que seu governo "está fazendo de tudo para evitar ferir pessoas" que não estão envolvidas. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 212 palestinos já foram mortos pelos ataques, incluindo 61 crianças.

::Repressão de Israel durante Ramadã é golpe no coração de muçulmanos, diz especialista::

Em comunicado, Israel ainda disse que Netanyahu "atualizou Biden sobre os desenvolvimentos e ações do governo, incluindo os passos futuros, e agradeceu ao presidente pelo apoio dos Estados Unidos ao direito do Estado judeu de se defender".

Três crianças são feridas em Gaza por hora

Quase três crianças são feridas a cada hora na Faixa de Gaza pelos ataques de Israel contra os palestinos, que começaram há oito dias. Os dados são da organização humanitária Save The Children (Salvem as Crianças, em tradução livre) e foram publicados neste domingo. 

“Quantas famílias mais precisam perder seus entes queridos antes que a comunidade internacional entre em ação?", indagou o diretor da Save the Children na Palestina, Jason Lee em nota. 

:: Israel bombardeia prédio com escritórios da emissora Al Jazeera e da agência AP ::

Na última semana, pelo menos 61 crianças foram mortas e mais de mil pessoas no território, incluindo 366 crianças, também ficaram feridas.

A nota da organização traz o relato de uma criança palestina de 10 anos, cujo nome foi omitido para preservar sua identidade: “Cada vez que há um ataque aéreo, ficamos com medo. Cada vez que tentamos sair, quando chegamos à porta da frente, há outro ataque aéreo e corremos para dentro o mais rápido que podemos. Cada vez que coloco minha cabeça no travesseiro, há outro ataque aéreo e eu acordo apavorado”. 

A Save The Children também informou que os serviços de resgate e médicos, além das infraestruturas civis, estão "no limite". Isso porque, além dos bombardeios, Israel fechou a fronteira pela qual entra o combustível, de forma que Gaza deve ficar sem suprimentos de energia e eletricidade.