Na manhã desta terça-feira (18), uma série de atos foram realizados no Rio de Janeiro para relembrar um ano da morte de João Pedro Mattos, de 14 anos. O menino foi morto durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Ainda não há respostas sobre o crime.
João Pedro morreu no dia 18 de maio de 2020, quando estava na casa dos tios com outras cinco crianças. Após a invasão da polícia, o local reuniu 72 marcas de tiros.
Um dos protestos foi organizado próximo ao local em que o jovem foi morto no Salgueiro. O ato teve como trajeto a saída do rodo de Itaúna até a sede da Polícia Federal. Com faixas e fotos de João Pedro, familiares e amigos pediram por justiça e cobraram explicações sobre a morte do menino.
“Um ano se passou e nada foi feito. Queremos justiça para, pelo menos, confortar os nossos corações. Não temos o João Pedro e isso me dói muito. Quem fez isso com um adolescente precisa pagar”, disse o pai Neilton Pinto, durante a manifestação.
Outro protesto aconteceu a partir de faixas estendidas na Lagoa, na Zona Sul da capital e foi organizado pelas ONGs Rio de Paz e Change.org. As faixas também pediram respostas para o crime.
Investigações
A morte de João Pedro causou comoção nacional e foi base para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que as polícias só poderiam realizar operações em favelas e na periferia do Rio em "hipóteses absolutamente excepcionais" durante a pandemia.
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No entanto, a investigação sobre o caso ainda não apontou os culpados. Inicialmente, foi promovida pelo Ministério Público Estadual (MP-RJ) e pelo Ministério Público Federal (MPF). Depois, por indícios de que a morte tinha sido provocada por policiais civis e não federais, o MPF deixou o caso. Na última segunda (17), o MPF anunciou que vai retomar as investigações.
Segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DP-RJ), a investigação estadual está estagnada em um "limbo jurídico". Após uma reprodução simulada da morte, nenhuma testemunha foi ouvida, nem mesmo foi pedida qualquer medida cautelar, como quebra de sigilo, de acordo com o órgão.
Edição: Mariana Pitasse