Rio de Janeiro

DESMONTE

No Rio, UFF também tem orçamento bloqueado e poderá suspender atividades

Cenário atual e lei do teto de gastos representam "cenário de asfixia financeira", afirma universidade de Niterói

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
UFF Niterói
Universidade pode não conseguir honrar pagamento de contratos essenciais, água, eletricidade e manutenção básica - Reprodução

A Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, anunciou nesta sexta-feira (14) que, assim como a UFRJ, poderá suspender suas atividades, caso o governo federal não desbloqueie um orçamento de R$ 22,7 milhões e também não haja nenhuma mudança nos recursos destinados à instituição em 2021.

O reitor da UFF, Antônio Claudio Lucas da Nóbrega, explicou que a universidade teve um corte de 19% do orçamento de 2020 e que o valor liberado até agora, de R$ 120,1 milhões, representa 68,3% dos recursos que a instituição teve no ano passado. Do atual orçamento, R$ 22,7 milhões seguem bloqueados pelo governo federal.

Leia mais: Com verbas de 2004 e dobro de alunos, universidades federais podem parar em julho

Os cortes de 2021 que o governo federal fez no orçamento da UFF equivalem a gastos de mais de três meses e, assim como a UFRJ, os recursos até agora bloqueados correspondem a mais dois meses de funcionamento da universidade. Por isso, os pagamentos de contratos essenciais, água, luz, eletricidade e manutenção básicas estão comprometidos.

Em fevereiro, depois de o Ministério da Economia anunciar os cortes de recursos para as universidades federais, a UFF se posicionou, lembrando que o "cenário de asfixia financeira tem se agravado a cada ano após a aprovação da lei do teto dos gastos públicos, a Emenda Constitucional 95, herança do governo de Michel Temer (MDB)".

A Lei do teto de gastos congela os investimentos públicos por 20 anos e já cortou investimentos em programas sociais, na educação e na saúde.

Leia também: Universidades do RJ se unem para produzir tecnologia na pandemia da covid-19

Na última terça-feira (11), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitiu que as universidades terão que "adiar alguns projetos". As instituições de ensino federais argumentam, porém, que os danos são muito mais prejudiciais, já que colocam em xeque inclusive pesquisas na área de saúde.

Recuo

Nesta sexta-feira (14), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) informou que o governo federal cedeu às pressões e liberou R$ 2,61 bilhões para as universidades federais. Os recursos serão destinados para despesas que não incluem pagamento de pessoal.

Os reitores das instituições ainda pressionam o governo federal para que sejam desbloqueados R$ 650 milhões do total previsto de R$ 4,7 bilhões. As instituições também querem a liberação de mais R$ 1 bilhão para recompor o orçamento total de 2020, que foi de aproximadamente R$ 5,6 bilhões. A redução de 2020 para 2021 foi de 20%.

Edição: Eduardo Miranda