Durante a pandemia do novo coronavírus, 43 mil domésticas perderam o emprego no estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento do FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com a pesquisa, entre outubro e dezembro de 2019, o estado tinha 144 mil empregadas de carteira assinada. Nesse mesmo período do ano passado, o número de trabalhadoras empregadas passou para 101 mil. A redução de 29% representa 43 mil demissões.
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Entre as trabalhadoras domésticas informais, a queda foi de 24%. Eram 383 mil trabalhadoras em 2019, contra 291 mil trabalhadoras em 2020.
Segundo Cleide Pinto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos (SinDoméstica) de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o desemprego é uma realidade que acompanha as trabalhadoras domésticas nos últimos anos, mas que apresentou grave piora durante a pandemia.
“Desde o começo dessa pandemia, a primeira categoria prejudicada foi a das trabalhadoras domésticas. Esse desemprego vem desde o primeiro dia da quarentena principalmente para as diaristas. A única ajuda que tiveram foi dos sindicatos, das federações e de ONGs para levar uma cesta básica para dentro de casa para os seus não passarem fome. Quem não consegue essa ajuda está sobrevivendo só Deus sabe como”, afirma.
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Para Cleide, o governo federal deveria ter amparado a categoria de trabalhadoras, o que não aconteceu. “Eu sempre digo que o governo deveria ter um olhar diferenciado para a trabalhadora doméstica, mas é muito difícil. Quem está lá no governo federal foi a primeira pessoa a dizer que não assinaria a PEC das domésticas. A maioria dos parlamentares e políticos também têm trabalhadoras em casa, então, pensa no seu próprio bolso, no próprio umbigo”, argumenta.
Estado mais afetado
Ainda de acordo com levantamento do FGV Social, o Rio é o estado brasileiro onde a pandemia causou os maiores estragos quando o assunto é trabalho. Entre todos os brasileiros, os fluminenses foram os que mais perderam empregos. O estado registrou a maior queda na taxa de ocupação entre todas as 27 unidades da federação: caiu 14,28% entre o último trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020.
O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda per capita do trabalho, também mostra que a desigualdade no estado cresceu ao somar 9 pontos a mais durante a pandemia. Isso fez com que o índice atingisse média acima da nacional, configurando o estado como mais desigual que o país.
Segundo Marcelo Neri, diretor do FGV Social, o Rio de Janeiro deu salto triplo de desigualdade. "A desigualdade da renda do trabalho, que é mais duradoura, cresceu com a pandemia. Isso porque o estado é extremamente vulnerável à pandemia: tem uma grande população idosa, além do enorme número de informais", explica.
Edição: Jaqueline Deister