Segundo lote

Últimas notícias da vacina: 630 mil doses da Pfizer chegam ao Brasil nesta quarta

O primeiro lote chegou no dia 29 de abril, com 1 milhão de doses

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O imunizante da Pfizer será aplicado em duas doses com um intervalo de 21 dias entre elas - Ministério da Saúde do Chile

O segundo lote com 629 mil doses da vacina produzida pela farmacêutica estadunidense Pfizer e o laboratório alemão BioNTech chega nesta quarta-feira (5) ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). O primeiro lote chegou no dia 29 de abril, com 1 milhão de doses. O recebimento faz parte de um contrato de compra feito pelo governo no dia 19 de março e que totaliza 100 milhões de doses até o final do terceiro trimestre de 2021.

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Devido às demandas de logística e armazenamento do imunizante aos estados, em caixas com temperaturas entre -25°C e -15°C por 14 dias no máximo, a distribuição e aplicação das doses devem ser feitas em um período relativamente curto. Ao chegarem às salas de vacinação, as doses devem ser mantidas a uma temperatura entre 2°C e 8°C e aplicadas em um período máximo de cinco dias.

::O que se sabe sobre a vacina da Pfizer::

Por essas demandas, o Ministério da Saúde está orientando a aplicação das doses somente nas capitais brasileiras e, se possível, em unidades de saúde com câmaras refrigeradas cadastradas na Anvisa.

Em junho, o Brasil também espera receber 842.800 doses da vacina da Pfizer, mas desta vez por meio do consórcio global de acesso a vacinas Covax Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que aglutina mais de 170 países e permite o acesso a uma cartela de imunizantes. A quantidade representa apenas 1% das 42,5 milhões de doses da Pfizer contratadas por meio do consórcio.

O imunizante da Pfizer, que foi o primeiro a obter registro sanitário definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda em fevereiro deste ano, será aplicado em duas doses, com um intervalo de 21 dias entre elas.

Vacina brasileira 

A vacina Versamune, produzida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, em parceria com a Farmacore Biotecnologia e a norte-americana PDS Biotechnology, começará a ser testada em humanos em junho, com a aplicação na população em geral prevista para dezembro.

As três fases do estudo clínico da Versamune custarão cerca de R$ 340 milhões ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Segundo Helena Faccioli, CEO da Farmacore, o corte de R$ 663,8 milhões, decorrente da aprovação do Orçamento 2021 por parte do governo de Jair Bolsonaro, não irá prejudicar os testes.

O pedido de autorização para os testes em humanos foi feito pela Farmacore à Anvisa no dia 25 de março. Em seguida, a agência reguladora solicitou mais documentos para analisar a solicitação, o que deve ser feito até o final de maio. "Por falta de disponibilidade de material e equipamento, tivemos um atraso na produção deste lote e, consequentemente, nos relatórios. Você tem que fazer controle de qualidade de cada etapa de produção, para garantir pureza, esterilidade e que o frasco da vacina está intacto", afirmou Faccioli ao G1.

Logo após o recebimento dos documentos solicitados, a Anvisa tem 72 horas para decidir se aprova ou não os estudos clínicos. Estes são divididos em três etapas: nas duas primeiras, 240 voluntários receberão o imunizante e 120, um placebo. Já na terceira e última fase, serão 20 mil voluntários, quando serão analisadas segurança, eficácia e imunogenicidade da vacina.

Se as três etapas apresentarem resultado positivo, a Farmacore pretende entrar com o pedido de autorização para o uso emergencial em dezembro. “Se tudo correr bem, até o fim do ano a gente pode começar a vacinar. Tem que começar a produzir lotes comerciais já. É um investimento de risco, mas, se a gente esperar finalizar cada etapa de teste para começar a produzir as doses, demorariam anos”, afirma Faccioli.

O imunizante possui a proteína que o novo coronavírus utiliza para atacar a célula humana, mas envolto em uma partícula que ativa as células T do sistema imunológico, gerando uma resposta imune.

Resultados positivos da vacina

A aplicação de vacinas no Brasil, mesmo que em ritmo expressivamente aquém do recomendado, já começou a produzir resultados positivos. A morte de idosos com 80 anos ou mais por covid-19 no brasil diminuiu cerca de 50% após o início da vacinação, segundo um estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul. 

Em 2020, a taxa de mortalidade era entre 25% e 30% em pessoas dessa faixa etária. Em abril deste ano, o índice caiu para 13%. Com a vacina, em um intervalo de oito semanas, foram evitadas 13,8 mil mortes de brasileiros com 80 anos ou mais.

Entre os profissionais de saúde, o movimento é o mesmo. Conforme dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), houve uma diminuição de 83% dos óbitos entre médicos devido à covid-19 em março em comparação a janeiro deste ano. Em janeiro, foram 59 mortes; fevereiro, 24; e março, 10.

Brasil no ranking global da vacinação

O Brasil está em 56º lugar no ranking global de imunização, com 22,64 doses aplicadas a cada 100 habitantes, segundo dados tabulados pela Agência CNN. Nos primeiros lugares, estão os Estados Unidos, com 73,43 doses aplicadas a cada 100 habitantes; Reino Unido (73,41), Canadá (36,63), Alemanha (35,98), Itália (34,33) e França (32,70). 

Em números absolutos, a China segue na liderança com 275 milhões de doses já aplicadas, seguida pelos EUA (245 milhões), Índia (154 milhões), Reino Unido (50 milhões) e, em quinto lugar, Brasil (49 milhões).

Até às 20h desta terça-feira (4), 32.881.298 pessoas receberam a primeira dose de vacina, o que representa 15,53% da população brasileira, de acordo com o último balanço do consórcio de veículos de imprensa. Já a segunda dose foi aplicada em 16.723.761 pessoas (7,90% da população do país).

Pandemia no Brasil

O ritmo lento de vacinação não tem sido suficiente, no entanto, para evitar a média de 3 mil mortes diárias no Brasil. Até às 18h desta terça, foram contabilizados 2.966 vítimas óbitos nas últimas 24 horas, totalizando 411.588 mortes desde o início da pandemia, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Em relação ao número de novos casos, foram 77.359 registros no mesmo período, totalizando 14.856.888.

Tanto o número de óbitos quanto de casos desta terça está acima das médias móveis, 2.397 e 59.332, respectivamente. O aumento ocorre paralelamente à flexibilização das medidas de combate ao avanço da pandemia, como o distanciamento social, nos estados e municípios. 

“De novo, especialistas avisando que, abrindo neste ritmo e no momento em que estamos é a receita para outra onda de casos. Estamos naturalizando 2 a 3 mil mortes por dia. Mas esse teto não existe”, alerta o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.

Edição: Vivian Virissimo