O mercado de trabalho brasileiro, mais uma vez, bateu recordes de desemprego e desalento na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (30) pelo IBGE.
O total de desempregados subiu a 14,423 milhões, maior número da série histórica. São 400 mil a mais em um trimestre (crescimento de 2,9%) e 2,080 milhões em 12 meses (16,9%). A taxa média de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro foi a 14,4%.
Já os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, agora são 5,952 milhões. Houve acréscimo de 229 mil em três meses (mais 4%) e de 1,259 milhão em 12 (26,8%).
Fora do mercado
Os ocupados agora são 85,899 milhões. A variação é praticamente nula no trimestre (0,4%, ou mais 321 mil). Mas, em relação a igual período do ano passado, cai 8,3%: 7,811 milhões a menos.
Os resultados negativos da Pnad Contínua continuam com a chamada população subutilizada, pessoas que gostariam de trabalhar mais, mas não conseguiram. Elas chegam a 32,641 milhões, número estável no trimestre e com crescimento de 21,9% em um ano (mais 5,858 milhões). E a população fora da força de trabalho chega a 76,431 milhões, aumento de 15,9% (10,494 milhões) em 12 meses.
Com e sem carteira caem
Ainda na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro de 2020, o número de empregados com carteira assinada no setor privado (total de 29,967 milhões) cai 11,7% e o de sem carteira (9,796 milhões), 15,9%. A queda entre os trabalhadores por conta própria (23,653 milhões) é menor (-3,1%). Os trabalhadores no serviço doméstico, que já foram mais de 6 milhões, agora totalizam 4,956 milhões, queda de 20,6% em 12 meses.
Estimado em R$ 2.520, o rendimento médio caiu 2,5% no trimestre e ficou estável (1,3%) em relação a igual período de 2020. Já a massa de rendimentos (R$ 211,2 bilhões) também ficou estável no período recente, mas caiu 7,4% em 12 meses. Isso significa menos R$ 16,8 bilhões na economia.
Apontando para dispensas
“Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação”, comenta a analista Adriana Beringuy.
“O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal, reforçando movimentos que já vimos em outras divulgações – a importância do trabalhador por conta própria para a manutenção da ocupação.”
Em 12 meses, a indústria cortou 1,319 milhão de vagas (-10,8%). Os serviços ligados a alojamento e alimentação, citados pela analista, fecharam 1,536 milhão (-27,4%). E o comércio, que inclui reparação de veículos, mais 1,984 milhão (-11,1%).