Como já esperavam os movimentos sociais que armaram um protesto na porta do Ministério do Trabalho na cidade de Buenos Aires, o novo valor do salário mínimo firmado pelo Conselho do Salário Mínimo, Vital e Móvel na última terça-feira (27) não corrigiu integralmente a inflação no país.
Votado com unanimidade pelo Conselho – com 31 a favor e apenas uma abstenção –, formado por sindicatos do trabalho ligados ao governo e ao setor empresarial, o novo salário mínimo foi fixado em $29.160 pesos argentinos (R$1.700), com um ajuste de 35% em relação ao valor atual. Contudo, o aumento será gradual e alcançará o valor firmado apenas em fevereiro de 2022. Neste mês, em abril, o aumento correspondente será de 9%. Uma cláusula do acordo prevê uma revisão em setembro deste ano.
::Covid: ato em Buenos Aires repudia "gestão criminosa" no Brasil pelas 250 mil mortes::
O salário mínimo vigente no país é de $21.600 pesos argentinos (R$1.259), o que cobre apenas a cesta básica alimentar de uma família com três integrantes, mas muito aquém de cobrir a cesta básica total (bens e serviços básicos) da mesma família, representando apenas 44,5% do mínimo necessário calculado pelo Instituto de Estatística e Censos do país.
A jornada de protestos desta terça reuniu dezenas de organizações em diversas províncias para exigir um ajuste salarial correspondente à cesta básica familiar. Na capital federal, os movimentos marcharam até a porta do Ministério do Trabalho contra a fome e a miséria, como ressaltou um integrante do Polo Obrero, uma das entidades organizadoras da manifestação.
"O governo segue uma política de ajuste determinada pelo Fundo Monetário Internacional", disse, em referência à dívida contraída pelo ex-presidente Mauricio Macri, que gerou no país uma campanha contrária ao seu pagamento. "Por isso, condenam a milhões de aposentados a uma renda de fome e desempregados que mal vivem de um plano social, com uma renda que não cobre sequer a metade da cesta básica."
O Chefe de Gabinete do governo da Argentina, Santiago Cafiero, destacou na reunião do Conselho que é necessário "encontrar âmbitos de diálogo e pontos em comum, para que tenhamos uma recomposição real dos salários, que ganhe da inflação, é um dos grandes desafios que temos pela frente".
Edição: Vinícius Segalla