Apesar do alerta de diversas entidades sobre as consequências de um apagão de dados no país sem a realização do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Junior, declarou nesta sexta-feira (23) que a pesquisa não será realizada em 2021 por falta de recursos.
O Censo é a importante pesquisa brasileira, realizada a cada dez anos, desde 1920. Em razão da pandemia, foi adiada para 2021. O texto do Orçamento 2021 prevê um corte de R$ 1,76 bilhão, dos R$ 2 bilhões destinados a realização do Censo, o equivalente a um enxugamento de 96% do orçamento.
"Não há previsão orçamentária para o Censo em 2021. Portanto, não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo desse ano, em particular, a partir decisões tomadas pela junta orçamentária", disse o secretário.
Desde o anúncio dos cortes, servidores já questionavam as intenções do governo Bolsonaro, se a intenção é adiá-lo para 2022 ou que ele não exista, mascarando assim os dados nacionais.
“O governo imprimiu esse corte, mas está comprometido com o Censo em 2022? Ou ele não quer que o IBGE faça Censo? Ou ele quer que o IBGE faça uma piada de Censo?”, questionou Luanda Botelho, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE) em entrevista recente ao Brasil de Fato.
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Sem a realização da pesquisa, estarão comprometidas elaborações de políticas públicas em todos os níveis: federal, além da distribuição e aplicação de recursos.
Em entrevista ao programa Bem Viver, Danielle Klintowitz, coordenadora do Instituto Pólis, explicou que, diante da pandemia, quando mais de 350 mil pessoas já morreram, a pesquisa teria um papel ainda mais importante para a elaboração de políticas públicas de acolhimento, atendimento e recuperação da sociedade nos mais diversos aspectos.
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“Precisamos entender quem são essas pessoas. Quem são as pessoas que estão passando fome? Quem são as pessoas que foram mais atingidas pela pandemia? Onde elas moram? Em que condições elas moram? Qual é a raça que elas têm? Só então vamos entender qual é o foco das políticas públicas que precisamos fazer”, explica Klintowitz.
Edição: Poliana Dallabrida