Moradores do Complexo do Alemão e da Maré, na Zona Norte do Rio, acordaram ao som de tiros e de dois helicópteros sobrevoando as regiões nesta quinta-feira (22). O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar fez incursões nas comunidades e na localidade conhecida como Nova Brasília.
Não há informações sobre prisões e feridos. Mas nas redes sociais, há relatos de pessoas que não conseguiram sair para trabalhar por conta da intensa troca de tiros na região. As ruas também ficaram vazias, como mostram algumas imagens feitas por moradores durante a entrada do carro blindado da PM conhecido como "caveirão".
A operação teve início às 5h da manhã e teve a participação de agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão. Nas redes sociais, a PM informou que estava em busca de traficantes e de esconderijos de armas e drogas.
Nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Freixo (Psol) chamou a atenção para o fato de que as maiores apreensões de armas, uma das razões para a operação desta quinta-feira, não foram feitas em favelas, mas em outros locais.
"As maiores apreensões de fuzil da história do RJ foram feitas sem confronto, ocorreram no Galeão e na casa de uma pessoa ligada à execução de Marielle. Segurança Pública se faz com planejamento, inteligência e investigação, o oposto do que está ocorrendo no Complexo do Alemão", disse.
Proibição
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou uma audiência pública para discutir a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como "ADPF das favelas". Na ocasião, discutiu-se um plano de redução de letalidade policial no estado do Rio, incluindo a proibição das operações policiais durante a pandemia.
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Em junho do ano passado, uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin proibiu as operações policiais nas favelas e periferias do estado do Rio durante a pandemia.
A decisão, porém, não foi cumprida. Somente na região metropolitana do Rio, foram 337 ações registradas desde o início das medidas de isolamento social, em março de 2020, até fevereiro deste ano, segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF).
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Entre junho e setembro, houve redução das operações. Mas a partir de outubro do ano passado, elas voltaram a ocorrer, fazendo com que o mês de janeiro deste ano alcançasse patamares superiores a janeiro de 2020 - com 49 operações registradas em 30 dias.
Edição: Eduardo Miranda