É como se o Ministério da Saúde não tivesse responsabilidade na coordenação do plano de vacinação
O Brasil está completando três meses do lançamento do plano de vacinação contra a covid-19. Porém são números vergonhosos, sobretudo em relação à nossa tradição de vacinação. Para além disso tudo, são muitas as indefinições por parte do Ministério da Saúde, que é quem coordena o plano nacional de imunização.
Por conta disso entramos no Tribunal de Contas da União (TCU) com mais um conjunto de ações no sentido de acompanhamento e fiscalização sobre o plano de vacinação brasileira.
Uma das ações fundamentais é saber porque o Ministério da Saúde interrompeu a divulgação de cronogramas de chegadas e da distribuição de vacinas.
Isso é muito grave porque a divulgação dessas informações permite que os estados e municípios possam se organizar, do ponto e vista da logística da distribuição da vacina.
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Quando o ministério deixa de ser transparente e deixa de divulgar esse cronograma de entrega de vacinas, os municípios e as coordenações estaduais ficam sem saber como programar, por exemplo, a segunda dose das pessoas que já podem recebê-la.
Quem faz a vacina chegar até o interior, até às áreas rurais, até às áreas indígenas e quilombolas, são exatamente os estados e municípios.
Ou então ficam sem saber como programar a entrada e a divulgação de novas faixas etárias no plano de vacinação.
Sem essa ação federal, os estados e municípios ficam sem qualquer informação sobre o seu planejamento logístico necessário, porque o Ministério da Saúde faz a vacina chegar até a capital.
Quem faz a vacina chegar até o interior, até às áreas rurais, até às áreas indígenas e quilombolas, são exatamente os estados e municípios.
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Porque o ministério até agora não fez uma campanha de orientação e de divulgação e de informação técnica sobre as vacinas da covid-19?
O Brasil está vivendo uma situação em que muitas pessoas que tomaram a primeira dose da vacina ainda não tomaram a segunda dose.
E não existe nenhuma campanha do ministério informando, a depender de qual vacina, depois de quantas semanas deve ser tomada a segunda dose. Não existe nenhuma campanha do ministério informando da importância de se tomar a segunda dose.
Não há nenhuma orientação do ministério visando o fortalecimento das equipes de Saúde da Família para fazer a busca ativa de pessoas para a vacinação. Absolutamente nada tem sido feito pelo ministério. É como se o Ministério da Saúde não tivesse responsabilidade nenhuma na coordenação do plano nacional de vacinação.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Leandro Melito