Coronavírus

Últimas notícias da vacina: morte de idosos imunizados reforça necessidade de cuidado

Eficácia da imunização ocorre com a criação de anticorpos, que acontece de duas a três semanas após a segunda dose

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Somente 3,49% da população do país recebeu a segunda dose; com escassez de insumos, produção de vacinas no Brasil está atradada - Foto: Divulgação/Prefeitura de Crato

A cidade de Campinas (SP) registrou a morte de 87 pessoas por covid-19 que chegaram a ser imunizadas. Todas as vítimas tinham mais de 68 anos de idade. O Departamento de Vigilância em Saúde avalia duas possíveis situações para os óbitos: as vítimas contraíram o vírus no intervalo entre as doses ou entre duas a três semanas após o reforço com a segunda dose.

Isso porque a imunização só é considerada eficaz depois que o organismo cria os anticorpos ao novo coronavírus, que ocorre em até três semanas após o recebimento da segunda dose.

Por isso, é importante, mesmo após receber as duas doses, continuar com as medidas de segurança contra o vírus, como uso de máscara de proteção, higienização das mãos e distanciamento social.

Dados atestam eficácia da vacina

As mortes não invalidam a vacinação contra a covid-19. O universo de dados mostram que a imunização completa é a única ferramenta capaz de evitar mortes e frear a pandemia.

Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostram que a quantidade de óbitos de profissionais da saúde por covid-19 após serem vacinados despencou: uma queda de 83% de janeiro para março deste ano. No primeiro mês do ano, 59 profissionais morreram. Em fevereiro, esse número caiu para 24 e foi de apenas 10 em março.

Enquanto os números de óbitos entre esses trabalhadores caem – os profissionais da saúde foram os primeiros a serem vacinados pelo país –, as mortes entre a população em geral aumentou entre janeiro e março.

Em Pernambuco, por exemplo, foi registrada uma diminuição de 9% de casos confirmados entre os profissionais de saúde, enquanto houve um aumento de 27% no restante da população. Na Bahia, o movimento foi o mesmo: queda de 24,4% contra um aumento de 25,8%.

Poucas vacinas x recordes de mortes

Com o ritmo lento de vacinação e a quantidade de óbitos aumentando diariamente, essas diferenças vão ficando cada vez mais evidentes. De acordo com o último balanço do consórcio de veículos de imprensa, somente 3,49% da população do país recebeu a segunda dose (7.391.544 pessoas), enquanto 23.847.792 pessoas (11,26% da população) receberam apenas a primeira.

Ao mesmo tempo, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nesta segunda-feira (12), o Brasil registrou 35.785 novos casos de covid-19, totalizando mais de 13,5 milhões de brasileiros contaminados desde o início da pandemia.

:: Leia também: Mortes por covid no Brasil aumentaram quase três vezes nos últimos dois meses ::

Também nas últimas 24 horas, foram 1.480 mortes registradas, somando 354.617 óbitos. A média em sete dias continua acima de 3 mil, patamar que vem sendo registrado seguidamente desde sábado. 

Os registros semanais de mortes por covid-19 no Brasil deram um salto nas últimas quatro semanas e quase triplicaram. Há dois meses, o número total de óbitos a cada sete dias cresce sem parar no país. 

Mais doses pela frente?

Em nota divulgada nesta segunda-feira (12), os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores informaram que o Brasil irá receber em junho deste ano 842.800 doses da vacina da Pfizer por meio do consórcio global de acesso a vacinas Covax Facility. 

A quantidade, no entanto, não representa nem 1% das 42,5 milhões de doses contratadas por meio da iniciativa. Mesmo a quantidade de doses estabelecidas pelo contrato é suficiente para vacinar apenas 10% da população brasileira, como afirmaram os próprios ministérios em nota.

"O Ministério da Saúde tem 42,5 milhões de doses de vacinas contratadas com a Covax Facility. A quantidade é suficiente para vacinar 10% da população brasileira."

Vale lembrar que as 842.800 doses da Pfizer não fazem parte das 100 milhões contratadas diretamente com a farmacêutica, das quais nenhuma ainda chegou em território brasileiro – a previsão de entrega é em maio.

Protestos por doses

A escassez de doses levou motoristas e cobradores de ônibus a paralisarem as atividades na Avenida Conde da Boa Vista, no centro de Recife (PE), na manhã desta terça-feira (13). Os trabalhadores deixaram expostos cartazes com a frase “Vacina Já”, e um carro de som também foi utilizado no local. 

Em Campo Grande (MS), motoristas de ônibus também realizaram uma manifestação nesta segunda-feira (12). Durante o trabalho, os profissionais utilizaram um adesivo no braço direito pedindo por “Vacinas Já”.

“Somos em torno de 1,4 mil funcionários, que estão diariamente em contato com a população, mantendo o serviço público essencial, e assim, merecemos sermos incluídos no plano de vacinação contra a covid-19”, afirmou o diretor-financeiro do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU), William Alves, ao jornal local Enfoque MS.

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incluiu os profissionais do setor de transportes no grupo prioritário de vacinação. No entanto, com a escassez de doses, a imunização desses trabalhadores também segue em ritmo lento.

Edição: Poliana Dallabrida