A apuração das eleições presidenciais do Peru ultrapassou a marca dos 55% na manhã desta segunda-feira (12/04). O candidato do partido Peru Livre, Pedro Castillo, ampliou sua vantagem e segue liderando a disputa com 16,32% dos votos. Até a madrugada desta segunda, Castillo tinha pouco mais de 15%.
Os números indicam a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais, que acontecerá em junho. Entretanto, a segunda vaga continua indefinida. Com 55,29% das atas computadas, Hernando De Soto, do partido Avanza Pais, segue na segunda posição com 13,46% dos votos.
Segundo Piero Corvetto Saniles, presidente da ONPE, a eleição deste domingo obteve 73,89% da participação dos eleitores peruanos.
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A filha do ex-ditador Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, do partido ultradireitista Força Popular, segue em terceiro lugar com 12,18%. Rafael López Aliaga, do Renovação Popular, aparece em quarto, com 13,13%.
Verónika Mendoza, candidata progressista disputando em nome do Juntos pelo Peru, segue na sexta posição com 7,9% dos votos.
Na noite deste domingo (11/04), uma pesquisa boca de urna divulgada pelo instituto Ipsos Perú indicava a liderança de Castillo e o segundo lugar com Keiko Fujimori.
A apuração poderá levar semanas para ser concluída. O presidente do Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru, Jorge Luis Salas, afirmou à TV Perú que uma projeção realizada pelo órgão indica que a confirmação de quais candidatos estarão no segundo turno das eleições poderá ser publicada somente na primeira semana de maio.
Quem é Pedro Castillo
Após a divulgação dos primeiros números, Castillo agradeceu aos peruanos e, em especial, aos professores. O candidato pelo Peru Livre é docente do ensino básico do país. "O povo se identifica com alguém que nasceu na mesma cidade e estou muito comprometido. Se o povo hoje foi às urnas para refletir isso democraticamente, e se o resultado foi diferente, também devemos aprender com isso. Ninguém nasce com o rótulo de político, líder ou autoridade, mas o caminho se faz ao andar e estou imensamente grato ao meu povo", disse.
Professor do ensino básico, com 51 anos de idade, o presidenciável teve reconhecimento nacional em 2017, quando liderou uma greve de profissionais da educação peruana. Quando jovem, o Castillo fazia parte de rondas campesinas, formas de organizações para combater os crimes que ocorriam nas zonas rurais do Peru, o que, ainda hoje, representa em suas caminhadas ao usar chapéu característico aos integrantes das rondas.
Em sua campanha eleitoral, o candidato falou em uma participação popular e no chamamento para uma Constituinte no Peru. Pesquisas anteriores ao pleito deste domingo indicavam que a sigla Peru Livre de Castillo angariariam cerca de 6% na intenção de votos.
O partido Peru Livre é uma sigla que se define como "marxista-leninista-mariateguista". O partido propõe reformas como a destituição do Tribunal Constitucional do país, por considerar que o órgão é uma força aliada às elites do país. Peru Livre também defende uma reforma "total" em relação à política fiscal e tributária peruana e propõe a "nacionalização dos recursos estratégicos" da nação.
A entidade "condena" ingerências "imperialistas e neocoloniais", censurando "abertamente" o Grupo de Lima, organização fundada em 2017 por iniciativa do governo peruano sob a justificativa de "denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela". O Grupo de Lima é formado por 13 países.
Dia de votação
O presidente do Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru, Jorge Luis Salas, disse que o processo de votação ocorreu de forma tranquila, sem nenhum registro de atos de violência ou manifestações. O Gabinete Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) peruano declarou que 99,96% das mesas de votação foram instaladas em todo o país.
As urnas peruanas foram abertas das 7h às 19h, horário local. O voto é obrigatório e seu não cumprimento pode gerar uma multa de cerca de R$300.