Imagens ancestrais

Projeto pretende preservar memórias afetivas de famílias negras e indígenas de PE

Arquivo fotográficos serão selecionados para compor uma exposição e uma pesquisa

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Os registros devem ser de acervos familiares ou pessoais e ter pessoas negras ou indígenas como protagonistas das imagens - Acervo Dragão do Mar

As imagens fotográficas de famílias negras, indígenas ou mestiças de Pernambuco podem integrar uma pesquisa e exposição cultural que fazem parte do Projeto ELO: Memória e Afeto. A convocatória para submissão dos arquivos segue aberta até 22 de abril. 

A proposta do Projeto ELO é preservar as memórias afetivas dessas famílias como fontes históricas e de expressão cultural da população negra. 

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Realizado pelos pesquisadores, artistas audiovisuais e graduandos em Cinema pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Beatriz Lins e Rafael Nascimento, o ELO tem incentivo da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Governo do Estado e da FUNDARPE.

Projeto

O momento pandêmico sugeriu adaptações de outros projetos para a constituição do ELO: Memória e Afeto. A ideia é proporcionar ampla participação e protagonismo popular, com expressão de novas perspectivas políticas e culturais.

De acordo com o pesquisador Rafael Nascimento, a primeira ideia do projeto era de realizar ensaios fotográficos, o que foi impossibilitado pela necessidade de distanciamento social.

“A gente estava desenvolvendo atividades, pesquisas e outros roteiros e tivemos que fazer algumas adaptações”, conta.

Assim, a iniciativa passou a ser desenvolvida a partir do acervo fotográfico das pessoas. A proposta é que ao falarem de si, as famílias tragam suas subjetividades e narrativas, propondo novos olhares diante da estigmatização das representações da população negra.

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O ELO propõe também valorizar questões como o amor e a afetividade entre as famílias participantes como forma de resistência política.

“Revisitar essas fotos e memórias, e falar sobre elas com amor, com afeto é uma forma de nos fortalecer também. Vivemos numa sociedade estruturalmente racista, somos agredidos de diversas maneiras e por isso acreditamos que falar de nós e dos nossos com carinho e respeito, principalmente nessa conjuntura que estamos vivendo, é uma maneira de contribuir com a nossa resistência”, explica a pesquisadora Beatriz Lins. 

Inscrições

É possível inscrever uma foto por pessoa através de um formulário online

A partir das inscrições, o projeto selecionará até 20 fotografias para compor a exposição, que será realizada nas redes sociais e em outros espaços virtuais e físicos. Não há restrição de tempo para as fotos e nem de formato, elas podem ser digitais ou analógicas. Os registros devem ser de acervos familiares ou pessoais e ter pessoas negras ou indígenas como protagonistas das imagens.

Cada pessoa pode inscrever apenas uma imagem de sua família e as pessoas selecionadas receberão um cachê simbólico no valor de R$ 50 pela utilização da fotografia. O resultado da curadoria será divulgado no dia 28 de abril.

O formulário de envio de fotos será encerrado às 23h59 do dia 21 de abril. Para outras informações, é possível utilizar o e-mail: [email protected]. Também é possível acompanhar o projeto nas redes sociais, através do Instagram @projeto.elo.pe.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Daniel Lamir e Vanessa Gonzaga