Economia

Egito anuncia fim da crise no Canal de Suez; após seis dias, navio é desencalhado

Presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, disse que a operação para desbloquear a via marítima foi concluída con sucesso

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O gigantesco navio provocou um engarrafamento em ambos os lados do Canal de Suez, que impactou no movimento do comércio mundial - Maxar Technologies/AFP

O presidente do Egito, Abdel Fatah Al-Sissi, afirmou nesta segunda-feira (28) que o país está conseguindo por fim à crise gerada pelo bloqueio do Canal de Suez, iniciado há quase uma semana, e que gerou grandes impactos na economia mundial. O motivo foi o encalhe do enorme navio porta-contêineres Ever Given, no último dia 23.

Em um comunicado, o mandatário afirmou: "Hoje os egípcios conseguiram por fim à crise do cargueiro encalhado no Canal de Suez, apesar da grande complexidade técnica que circundou esse processo por todos os lados". A declaração foi a primeira desde o início da crise e foi emitida logo após um comunicado da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês) divulgando que o navio havia sido desencalhado. 

Al Sisi acrescentou, a este respeito: "Restaurando o curso normal das coisas, com as mãos egípcias, o mundo inteiro pode ser tranquilizado sobre o destino dos seus bens e necessidades que passam por esta artéria de navegação essencial".

A SCA também anunciou que a previsão é de que o tráfego na rota seja retomado em três dias e meio, liberando a passagem para os mais de 400 navios que aguardam o desbloqueio. "O almirante Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal de Suez, proclamou a retomada do tráfego de navegação no canal", anunciou a SCA, que disse que "o canal funcionará 24 horas por dia depois que o cargueiro voltar a navegar". Ainda será preciso inspecionar a estabilidade do canal antes que o fluxo integral seja retomado.

Com a notícia de que a embarcação tinha conseguido ser removida, houve uma queda no preço do petróleo bruto, já que parte da distribuição global da commodity foi afetada pelo bloqueio do canal. Empresas especializadas em comércio marítimo estimam que, no total, as perdas econômicas direta ou indiretamente ligadas ao encalhe passem de de R$ 300 bilhões.

O Ever Given encalhou na manhã do dia 23 em meio a ventos fortes e uma tempestade de areia que afetou a visibilidade, bloqueando uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo e forçando empresas a redirecionarem navios, o que causou longos congestionamentos.

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O Canal de Suez

Na declaração desta segunda-feira (29), o presidente Fatah Al-Sissi afirmou que "os egípcios provaram que são sempre responsáveis" por esta notável via navegável "que escavaram com os corpos dos seus antepassados e defenderam o direito do Egipto sobre ela com as almas dos seus pais". A declaração faz referência ao conflito que se seguiu à nacionalização do canal em 1956, que tinha estado nas mãos do Reino Unido, então potência colonial.

Quando chegou à presidência, em 2014, Al-Sisi determinou a construção do novo Canal de Suez, que foi inaugurado um ano depois numa grande cerimônia e foi oferecido pelo presidente como "um presente do Egito para o mundo" para melhorar a navegação e o comércio marítimo.

O novo canal consistiu no alargamento do já existente em 37 km e na construção de um canal paralelo de 35 km de comprimento (do total de 195 km) para permitir a passagem de navios maiores e com mais toneladas e de uma nova geração, como o Ever Given.

*Com informações da teleSUR e da AFP.

Edição: Vivian Fernandes