O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (29), em Brasília (DF). Ainda não oficialmente confirmada pelo governo, a saída do chanceler do cargo foi noticiada por veículos da mídia empresarial a partir de informações de bastidor. Araújo teria conversado sobre a demissão com seus assessores e apresentado o pedido ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A demissão do ministro vinha sendo demandada por diferentes atores do mundo político e a rejeição a sua figura se acentuou principalmente nos últimos dias. Seguidor da linha mais ideológica do governo, o mandatário tem posições extremistas e vinha ajudando a isolar o Brasil no cenário das relações internacionais, com episódios de ataques a tradicionais parceiros comercias, como é o caso da China.
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No fim de semana, a problemática relação do ministro com a China teve mais um capítulo. A senadora Kátia Abreu (PP-TO) chamou Ernesto Araújo de “marginal” depois de o chanceler acusá-la, pelo Twitter, de fazer lobby chinês pelo 5G.
Araújo afirmou que a senadora teria defendido interesses da China durante um almoço entre os dois. Kátia, por sua vez, rebateu dizendo que o ministro “insiste em viver à margem da boa diplomacia” e “à margem da verdade dos fatos”.
O país oriental é também o maior produtor global de insumos para imunizantes. Diante do contexto de crise sanitária e escassez de vacinas no Brasil, a manutenção de Araújo no governo era vista como um obstáculo às negociações para a compra de novos lotes de imunizantes, uma demanda que parte de diferentes segmentos políticos e sociais.
Outros elementos contaram para o desgaste do ministro. No sábado (27), por exemplo, um grupo de diplomatas do Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou uma carta pública pedindo a saída do mandatário do cargo.
No Congresso Nacional, diferentes deputados e senadores criticaram a conduta de Araújo à frente da pasta, apontando que a atuação do Itamaraty diante da pandemia estaria muito aquém do necessário.
Além disso, um pedido de impeachment seria apresentado na tarde desta segunda (29), na Câmara dos Deputados. Paralelamente, senadores chegaram a anunciar que iriam ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir o impedimento do chanceler por crime de responsabilidade.
Eles afirmam que a postura de Araújo no cargo fere, por exemplo, o artigo 5º da Lei 1.079, de 1950. O dispositivo trata de atos de hostilidade contra nação estrangeira, que expõem a República brasileira ao “perigo da guerra” ou comprometem a neutralidade do país.
Edição: Rebeca Cavalcante