Nesta segunda-feira (8), manifestações nas ruas e nas redes sociais foram realizadas em diversas cidades do país para celebrar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, comemorado todo o dia 8 de março.
Pela manhã, mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram uma ação de denúncia contra o preço elevado do arroz em frente à empresa Camil, na zona oeste da cidade de São Paulo. Elas também pediram o aumento do auxílio emergencial, a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a vacinação para todos.
O ato faz parte da Jornada de Luta do 8 de Março do MST, que tem ocorrido nesta segunda-feira em todo o país, com o lema “Mulheres Pela Vida, Semeando Resistência Contra a Fome e as Violências”.
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Nas palavras de Cássia Bechara, coordenadora do Coletivo de Relações Internacionais do MST, além de denunciar o aumento no preço dos alimentos e o lucro do agronegócio neste momento de pandemia, o movimento também quis mostrar que “a produção da reforma agrária ainda é a solução para a fome do povo brasileiro”.
“Enquanto a Camil está cobrando uma fortuna pelo arroz e lucrando em cima da fome do povo, a gente veio distribuir o arroz produzido nas áreas da reforma agrária para provar que a reforma agrária é a solução para a fome do povo brasileiro”, afirma Bechara.
Também pela manhã, em Minas Gerais, no município de Governador Valadares, mulheres ocuparam a BR-116 em ato "pela vida, contra a fome, as violências e pela abertura imediata do Hospital Regional". Elas também exigiram o retorno do auxílio emergencial e vacina para todas e todos.
"A pandemia do novo coronavírus expôs ainda mais a situação de descaso que ocorre em nossos municípios. Os leitos em Valadares estão praticamente todos ocupados. Nosso povo está morrendo nas mãos desse governo genocida", afirmou Edilene Cenourinha, da Direção Estadual do Setor de Gênero do MST.
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A dirigente afirma que, enquanto os hospitais municipais estão oferecendo serviços precarizados, a construção do Hospital Regional está abandonada. "A obra está 80% concluída. A população poderia contar com, pelo menos, um hospital de campanha para que as famílias não tivessem que sofrer com tamanha precariedade na saúde", afirma a vereadora Gilsa Santos.
Também em Minas Gerais, desta vez na Zona da Mata, mulheres sem terra doaram alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social do município de Goianá. Segundo o MST, o ato simbolizou “o descaso da Prefeitura com as famílias sem terra que estão alocadas no município, que vem sofrendo com a ausência de infraestrutura para garantir o escoamento de sua produção”.
Nesse sentido, a doação de alimentos da reforma agrária “se configura como uma resposta a esse descaso. Além de ser um manifesto contra o governo Bolsonaro e sua política de morte, contra as inúmeras violências que impactam a vida das mulheres, inclusive no campo”, afirma o movimento.
No Paraná, também houve manifestações de solidariedade a famílias em situação de vulnerabilidade social. Camponesas da região Norte do estado preparam mil marmitas para doação na cidade de Londrina, com alimentos produzidos e doados pelas famílias acampadas e assentadas nas comunidades do MST.
As marmitas foram doadas para população em situação de rua e para comunidades nas regiões Sul, Leste e Norte de Londrina.
Em Teresina, na capital do Piauí, mulheres organizadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pelo Movimento Lagoas do Norte se manifestaram contra o Programa Lagoas do Norte, que pretende expulsar famílias de diversos bairros para construir um complexo turístico e um espaço destinado a empreendimentos imobiliários.
Nas redes, os movimentos afirmaram que os protestos ocorreram “em defesa da vida, por direitos, por vacina para todos e todas, pelo direito à moradia, pela volta do auxílio emergencial, contra os altos preços no gás, energia elétrica, nos alimentos e pelo Fora Bolsonaro”.
Edição: Poliana Dallabrida