Espanha

"Estou preso por conta de uma luta política", afirma rapper catalão Pablo Hasél

Em entrevista ao jornal Público, rapper declarou que continuará compondo: "Não vou permitir que ditem o que escrever"

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Hasél estava entrincheirado no centro universitário de Lérida para evitar a prisão, que estava decretada desde o último dia 12 de fevereiro - AFP

O rapper catalão Pablo Hasél, condenado por escrever canções contra a monarquia e a polícia espanhola, afirmou nessa sexta-feira (05), em entrevista ao jornal Público da Espanha, que está preso por estar em uma "luta política". 

"Claramente sou um preso político. Estou na prisão por uma luta política [...] Usam uma guerra suja de desinformação para me criminalizar e eles têm total impunidade", disse. 

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Para o artista, existe uma operação do Estado espanhol que pretendia prendê-lo "há tempos", apontando para uma suposta perseguição, já que, após ser preso, recebeu outra sentença "por uma configuração policial sem provas".

Hasél afirmou ao jornal que a polícia aproveitou a quarentena da pandemia do novo coronavírus para realizar seu encarceramento, "acreditando que, assim, haveria poucas respostas" das ruas. Após a prisão do artista, diversas cidades do país registraram manifestações em defesa do rapper, inclusive manifestação de personalidades artísticas da Espanha e do mundo em prol de Hasél.

"Tenho conseguido acompanhar alguns protestos e eles me emocionaram, tem ocorrido uma grande resposta que é ainda mais valiosa em tempos de desmobilização", declarou. 

Ao Público, o músico catalão disse ainda que não acredita que possa passar apenas os nove meses da primeira sentença na prisão. Uma possível saída, segundo ele, pode depender da "pressão e da solidariedade" daqueles que o defendem. "Eu mentalizo para o pior, pois você pode esperar qualquer coisa de um Estado como este", afirmou.

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O rapper declarou que está escrevendo um livro de poemas, artigos e cartas enquanto está na prisão, pois se inspira no que vive para além de "continuar refletindo a realidade externa". De acordo com Hasél, seguirá compondo canções sem permitir que "ditem" o que ele deve ou não escrever. 

"Não vou permitir que ditem o que escrever, por isso nos reprimem. A liberdade de expressão não se defende com autocensura", afirmou.