VIOLÊNCIA NO CAMPO

Em vídeo, artistas denunciam assassinato de testemunha da Chacina de Pau D'Arco (PA)

Fernando Araújo dos Santos relatou ameaças da polícia antes de ser morto, no dia 26 de janeiro deste ano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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fernando pau d'arco
Policiais que mataram dez sem-terra respondem ao processo em liberdade e na ativa; a defesa dos réus nega qualquer contato com a testemunha - Lunaé Parracho/Repórter Brasil

Em vídeo lançado nesta terça-feira (2), artistas como Dira Paes, Bete Mendes, Osmar Prado e Gilberto Miranda denunciam e pedem justiça pelo assassinato de Fernando Araújo dos Santos, no dia 26 de janeiro de 2021. 

Araújo era testemunha da Chacina de Pau D'Arco, no Pará, quando 10 posseiros foram mortos por 17 policiais na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D´Arco, em 24 de maio de 2017.

Duas semanas antes de ser assassinado, ele relatou à Repórter Brasil como a polícia rendeu, humilhou e torturou seus colegas antes de executá-los com tiros à queima roupa. Seu relato foi confirmado pela investigação da Polícia Federal e Ministério Público.

Hoje, os policiais envolvidos na chacina são réus e aguardam julgamento em liberdade e na ativa. Araújo afirmou que vinha recebendo ameaças. "Eu sinto que tá vindo coisa pesada pra nós aqui na [fazenda] Santa Lúcia", disse no dia 8 de janeiro.

O prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito policial aberto após a morte de Araújo se esgotou, mas nenhum resultado da investigação foi apresentado. 

O vídeo com o apelo por justiça é assinado por sete organizações sociais e centrais sindicais.

Entenda o caso

Nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, no sudeste do Pará, no dia 24 de maio de 2017. 

Os assassinatos foram praticados por 17 policiais durante operação das polícias militar e civil com a justificativa de cumprimento de mandados judiciais. A Fazenda Santa Lúcia, de 5 mil hectares, era ocupada por trabalhadores rurais sem-terra.

No dia do massacre, os corpos dos dez trabalhadores foram levados para Redenção, município vizinho, amontoados na carroceria de caminhonetes.

Apesar do caso ter ganhado repercussão nacional, o ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça, decidiu, em junho de 2018, que os policiais poderiam aguardam o julgamento em liberdade e na ativa e circulam nos mesmos locais onde vivem as testemunhas da chacina.

Edição: Leandro Melito