Crise sanitária

Brasil registra maior média de mortes por covid desde o início da pandemia

Foram 1.428 mortes nas últimas 24 horas; país se aproxima das 250 mil mortes pela doença

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Mulher de 49 anos com covid-19 é transferida de helicóptero do município de Prainha do Itaituba, no Pará, no último domingo (21)
Mulher de 49 anos com covid-19 é transferida de helicóptero do município de Prainha do Itaituba, no Pará, no último domingo (21) - Tarso Sarraf/AFP

Nesta quarta-feira (24) o Brasil registrou um dos dias com mais mortos pela covid-19. Em um período de 24 horas morreram 1.428 brasileiros.

Com os novos óbitos oficialmente notificados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o Brasil tem praticamente 250 mil mortos por covid-19. São exatas 249.957 vítimas. Como a pandemia segue totalmente fora de controle, essa semana pode se tornar a mais letal desde o início do surto no país, em março.

Também hoje, o país registrou a maior média de mortes diárias, calculada em sete dias, desde março. São 1.124 vítimas diárias em média, o que supera o até então pior momento no dia 25 de julho, com 1.102 vidas perdidas para a covid.

Em relação ao número de novos casos, nas últimas 24 horas foram registrados mais 66.588 infectados no país.

O número total de casos desde março é de 10.324.463. Desde dezembro, o Brasil vive um recrudescimento da pandemia, com elevação acentuada de casos e mortos.

Desde o fim de dezembro, o número de casos diários já superava a primeira onda, entre junho e setembro. Hoje, este número está em 49.388 infectados por dia.

Situação dramática

O contágio no Brasil segue fora de controle desde o início do ano de acordo com a Imperial College de Londres. A taxa de transmissão está em 1,02, ou seja, 100 pessoas contaminadas transmitem para 102 pessoas saudáveis.

Esse registro reflete a semana anterior, sem considerar o salto ainda maior que começa nesta semana, após aglomerações em diferentes lugares do Brasil durante o Carnaval.

O abandono das medidas de isolamento que vigoraram – com rigor leve – no ano passado, aliado às aglomerações de fim de ano e, mais recentemente, do Carnaval, foram grandemente responsáveis pelo atual cenário da covid-19 no país. Em algumas cidades e estados a situação é dramática.

Em São Paulo, cidades como Araraquara e Campinas adotam medidas mais rígidas de isolamento com o esgotamento de leitos de UTI.

Já no âmbito estadual, o governador João Doria (PSDB) segue uma política de combate ao vírus sem a necessária firmeza. Mesmo com o maior número de internados em UTIs de todo o histórico, tudo que Doria fez foi uma medida de eficácia duvidosa: um “toque de restrição”. O isolamento proposto pelo tucano só vale entre as 23h e 5h.

A situação também é grave nos estados do Sul. Ontem, o Rio Grande do Sul registrou a média diária de mortes mais alta da pandemia e também o dia com maior número de internados em UTI.

No Paraná, em situação similar, Curitiba tem o maior número de internados e a ocupação total dos leitos, mesmo com a ampliação da estrutura de atendimento, chegou a 93%. Até o início da noite de hoje, a capital paranaense tinha apenas 27 leitos de UTI desocupados.

Vacinas

Enquanto isso, o Brasil mantém a campanha nacional de vacinação a passos lentos, quando não parada. Hoje, algumas cidades que tinha suspendido a vacinação pela escassez dos imunizantes voltaram a vacinar.

É o caso do Rio de janeiro, que recebeu 3,5 milhões de doses da CoronaVac e 2 milhões da AstraZeneca.

Ontem, tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara dos Deputados aprovaram medidas para acelerar a compra de vacinas e facilitar o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A ação do Judiciário e do Legislativo foram pensadas para compensar a falta de ação do governo federal do presidente Jair Bolsonaro, que segue com morosidade o programa de vacinação, após uma longa campanha de negação da ciência e até mesmo de ataques mentirosos contra vacinas.