Alunos da Escola Municipal Tarsila do Amaral, no Butantã, zona oeste de São Paulo, tiveram que assistir aula com um rio que corria dentro da unidade, na última quarta-feira (17). Após as chuvas que atingiram o município, a estrutura do colégio não suportou e a água entrou pelos corredores e chegou nas salas.
Imagens obtidas pelo Brasil de Fato, mostram um intenso volume de água caindo do teto da escola direto no corredor. Ao fundo, alunos tentam se concentrar na aula.
Um professor da unidade, que pediu para não ser identificado, explicou que os poucos profissionais que não aderiram à greve e que estão trabalhando, tiveram que se revezar na troca de baldes e limpeza das salas de aula.
A Tarsila do Amaral retomou as aulas na última segunda-feira (15), respeitando as determinações da Prefeitura de São Paulo, com apenas 35% da capacidade de atendimento da unidade.
No entanto, funcionários da escola afirmam que diversas janelas não abrem, dificultando a circulação de ar e os servidores admitem que estão com medo de serem contaminados com coronavírus.
“Algumas (janelas) não abrem por estarem quebradas, enferrujadas e aí não acontece a troca de ar. No verão essas salas são muito quentes e atenuávamos esse problema com os ventiladores, mas agora não podemos usar por conta do protocolo”, afirma um dos trabalhadores da unidade, que preferiu não se identificar.
Nas últimas 24 horas, São Paulo registrou 258 óbitos por coronavírus e 11.302 novos casos. Ao todo, 1,9 milhão de pessoas já se infectaram no estado e 56.900 morreram, em decorrência da doença.
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Na região, trabalhadores da escola tentam mostrar aos pais de alunos que a unidade não tem condições de manter as aulas durante a pandemia.
“A comunidade está bem confusa, pois o governo diz através da imprensa tradicional que as escolas estão preparadas e somos nós que temos que mostrar a realidade. Em alguns momentos, isso gera até tensões, fica parecendo que somos nós que não queremos atender”, encerra.
Os trabalhadores da unidade afirmam que solicitaram à Prefeitura que realizasse obras estruturais na escola, que possui rachaduras e infiltrações em diversas áreas. Porém, o recurso nunca chegou.
Apesar das imagens, que mostram infiltrações e rachaduras, a Prefeitura de São Paulo alega que o problema foram as chuvas e o vento.
Em nota enviada ao Brasil de Fato, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), esclarece que "devido às fortes chuvas e os ventos que atingiram a cidade nessa quarta-feira (18), o telhado da EMEF Tarsila do Amaral foi afetado".
"A manutenção da área atingida foi iniciada. A unidade está passando por reforma e manutenção que contempla a cobertura e impermeabilização do telhado. A intervenção foi iniciada em janeiro com previsão para finalização em março", diz o texto
O governo muncipal afirma que a obra está orçada em R$ 349 mil e entre os serviços em execução estão "a substituição da cobertura com impermeabilização das estruturas de drenagem, adequação das tubulações do reservatório de água, tratamento de trincas e rachaduras no prédio anexo, revisão das instalações elétricas, adequação de passa-prato para acessibilidade e pisos, e pintura das áreas afetadas".
Edição: Leandro Melito