O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) contabilizou, até esta segunda-feira (8), 209 casos de covid-19 entre professores e outros trabalhadores da educação estadual, em 97 escolas paulistas. O governo João Doria (PSDB) não comenta os dados levantados pelos docentes, mas fechou sete escolas esta semana por casos suspeitos ou confirmados de covid-19.
Os professores estão em greve desde ontem contra a volta às aulas em meio à pandemia do novo coronavírus, mantendo apenas as atividades de ensino remoto. Nesta quarta-feira (10), a Apeoesp realiza assembleia defendendo o cancelamento da volta às aulas presenciais e a ampliação do programa de vacinação, com prioridade para os professores.
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Os professores da rede estadual destacam a greve com uma ação sanitária, em defesa da vida e contra a covid. Segundo a Apeoesp, as escolas não foram adequadamente estruturadas como diz o governo Doria. Muitas delas ainda não tiveram sequer as reformas concluídas. Entre os principais problemas estão a pouca ventilação das salas, espaços pequenos, aglomeração na entrada e na saída das aulas, álcool em gel vencido, falta de banheiros, entre outros. Nesta semana, as escolas podem receber até 35% dos estudantes por sala.
Covid presente
“Não há condições para um retorno seguro. As escolas não apresentam a mínima infraestrutura. Recebemos a todo momento fotos e vídeos de professores mostrando banheiros quebrados, lixo acumulado, goteiras, álcool em gel vencido. E tudo isso já está causando consequências graves. Imagine o que vai acontecer quando milhões de estudantes voltarem para as aulas presenciais no estado”, defendeu a professora Bebel (PT), que é presidenta da Apeoesp e deputada estadual. Segundo ela, 15% dos professores aderiram à greve no primeiro dia.
Levantamento realizado pela Apeoesp indica que apenas 5% dos alunos da rede pública estadual retornaram às aulas presenciais nesta segunda-feira. Para Bebel, isso indica forte adesão das famílias à greve sanitária decretada pelos professores.
“O comparecimento dos alunos foi baixíssimo, isso porque as famílias sabem dos riscos que existem nas escolas da rede estadual. Ninguém quer mandar o seu filho para um local onde há álcool gel vencido, ambientes sem ventilação, banheiros quebrados. Mesmo com um número pequeno de alunos, houve aglomeração nas portas das escolas, o que mostra o despreparo para esse retorno”, afirmou.
Protesto contra volta às aulas
Pais de alunos da Escola Estadual Dr. Álvaro de Souza Lima, no Jardim São Savério, zona sul da capital paulista, protestaram ontem contra a volta às aulas em meio à pandemia e pediram melhorias na escola. Sete salas de aulas estão sem energia elétrica, o reservatório de água está vazio e o mato alto está tomando conta das áreas externas. Segundo as famílias, a escola não passou por qualquer intervenção do governo Doria para adaptar seus espaços e garantir o distanciamento de 1,5 metro entre estudantes.