No espaço de dois dias, cerca de 20 famílias chegaram à situação extrema de terem sido despejadas de um terreno ocupado por duas vezes, em Curitiba (PR), reflexo da atual necessidade e, por outro lado, ausência de políticas públicas para moradia.
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A primeira ocupação aconteceu na madrugada do dia 6 de fevereiro, no bairro Tatuquara, em frente à BR 476 (rodovia do Xisto). Na manhã seguinte, a guarda municipal retirou cerca de 200 pessoas que passaram a madrugada no local. Dentre elas, 20 famílias não tinham para onde ir ou voltar.
Em meio às famílias, Kátia Aparecida, de 31 anos, dona de casa e vendedora de empadas, ao lado do marido, afirma que buscou a ocupação porque não tinha condição de arcar com os valores do aluguel. “Paguei R$ 600 por um tempo, mas não é nosso, e só pagamos enquanto temos serviço”, afirma. Aparecida é mãe de cinco filhos e carrega o sexto rebento no ventre.
Logo após o despejo, as famílias partiram para a ocupação Nova Guaporé 2, área que também é resultado de um despejo forçado no final de 2020. Porém, na segunda-feira (8), ao final da tarde, efetivo da Guarda Municipal não permitiu a estadia do grupo, alegando projeto da Prefeitura de Curitiba que prevê o traçado de uma rua no local.
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Advogados populares criticam ação em meio à pandemia e com decisão de suspensão de reintegração para área.
O casal Cleiton Aparecido e Viviane dos Santos mudaram-se do interior para a capital e trabalham com coleta de materiais recicláveis. Em meio a lágrimas, lamentam não terem conseguido ficar no terreno nas duas oportunidades. “Passei um frio lascado à noite, é duro ser despejado depois de sofrer tudo isso”, afirma Cleiton.
Nesta quarta-feira (10), haverá uma coletiva de imprensa na comunidade Nova Guaporé 2, com presença de juristas, parlamentares e imprensa para debater a situação de moradia na capital e no país.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lucas Botelho